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Região tem alta nos casos de dengue

No primeiro trimestre, registros da doença já superam o total de pacientes contaminados em 2018: são 103

Por Victor Augusto
Especial para o Diário
04/05/2019 | 07:00
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Divulgação


 Levantamento feito pelo Diário junto às prefeituras da região mostra que, nos três primeiros meses do ano, o Grande ABC registrou alta de 312% nos casos de dengue. Os registros da doença saltaram de 25 para 103 em quatro cidades – Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá – na comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme o balanço, a quantidade de doentes entre janeiro e março já supera o total de contaminações de 2018, foram 66.

Não há confirmações de mortes, entretanto, o cenário acende alerta entre os especialistas, que consideram que houve relaxamento da população e dos gestores públicos em relação ao tema diante da queda de doentes no ano passado. Conforme seis administrações (Rio Grande da Serra não forneceu os dados), entre 2017 e 2018 o número de casos de dengue caiu 41% (66 doentes em 2018, contra 112 no ano anterior).

Para o biólogo Horácio Manuel Teles, integrante do CRBio-1 (Conselho Regional de Biologia da 1ª Região – SP, MT e MS), o crescimento dos casos de dengue é reflexo de enfraquecimento do sistema imunológico da população e, também, devido à despreocupação em relação ao tema. “As campanhas perderam intensidade, causando relaxamento da população em relação à dengue. Isso não pode acontecer. A população precisa estar sempre alerta.”

O fato é que a doença voltou a preocupar todo o País neste ano. Boletim divulgado pelo Ministério da Saúde mostra que as ocorrências tiveram aumento de 339% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve 102.681 casos. O número de mortes também subiu, 186,3%, passando de 66 para 123 no Brasil.

Mauá é a cidade que registrou maior alta de casos de dengue no primeiro trimestre. O número de doentes passou de dois para 36 na comparação com o mesmo período do ano anterior, variação de 1.700% (veja arte acima).

Na cidade, onde a crise política impera – Atila Jacomussi (PSB) sofreu impeachment em 19 de abril por cometer crime de responsabilidade ao deixar o cargo vago no período em que esteve preso e, pela terceira vez, assumiu Alaíde Damo (MDB) –, a capacitação de profissionais da saúde a respeito das arboviroses, prevista para ocorrer entre amanhã e sábado, foi cancelada sem data prevista para sua retomada. A suspensão foi comunicada aos profissionais da pasta por e-mail, em 23 de abril.

O biólogo observa ainda que o Grande ABC está mais propício à dengue por causa da densidade demográfica e do clima da região. “As temperaturas e os altos índices de chuva neste início de ano contribuem para o aumento da probabilidade de criadouros do Aedes aegypti.”

Especialistas ouvidos pelo Diário em 2018 já alertavam para o risco de nova epidemia da doença devido à sua característica cíclica, a exemplo do que ocorreu em 2016, quando foram contabilizadas 1.986 pessoas contaminadas nas sete cidades. “Os ovos são colocados o ano todo, mas precisam do calor e do contato com a água limpa para eclodirem. Os cuidados devem ser tomados o ano todo”, destaca o professor de Infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Munir Akar Ayub.




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