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Acidente com caminhão na Anchieta/Imigrantes cresce 29%
Por Luciano Cavenagui e Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
22/09/2005 | 08:18
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Imprudência e falta de manutenção. Juntos, os dois ingredientes foram responsáveis por um aumento de 28,98% no número de acidentes com caminhões no sistema Anchieta-Imigrantes de janeiro a agosto deste ano, no comparativo com o mesmo período de 2004. O número de ocorrências registradas nos oito primeiros meses deste ano é superior ao volume total de acidentes durante todo ano de 2003.

A maioria dos acidentes foi leve. Caminhões que por excesso de velocidade ou falha no sistema de freios perderam o controle e bateram contra taludes ou na traseira de outros veículos, principalmente no trecho de serra, sem causarem grande estragos materiais. Mas o número de pessoas machucadas nos acidentes envolvendo caminhões impressiona. Entre janeiro e agosto deste ano, foram 21 mortos e 265 feridos em todo sistema. O número é semelhante ao registrado ano passado: 23 mortos e 243 feridos no período.

Estudo realizado pela Ecovias (concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes) facilita a compreensão do cenário. Em um questionário respondido por 166 caminhoneiros, descobriu-se que 4% deles bebem todos os dias; 53% trabalham mais de 12 horas por dia; e 93% não descansam durante o trabalho.

Quarta-feira, durante todo o dia, a concessionária manteve um posto no Km 40 da via Anchieta para oferecer aos caminhoneiros serviços gratuitos de prevenção médica e revisão de freios. O programa começou terça-feira e termina nesta quinta-feira, das 8h30 às 16h.

Nos dois primeiros dias, os números constatados pela Ecovias não são animadores. De 20 caminhões que fizeram revisão de freios, 40% estavam em condições precárias, precisando de manutenção. De 30 motoristas que passaram por análise médica, em 60% deles foi constatado pressão arterial acima da média, com riscos de ocorrer derrame cerebral e infarto.

"Os veículos de motoristas autônomos foram os que apresentaram mais problemas com relação ao freio. Na maioria das vezes, eles não fazem a manutenção necessária para economizar. Muitos ainda não se conscientizaram sobre esses riscos que podem ocasionar acidentes", afirmou o técnico automotivo Israel Serafim, responsável pelas revisões dos freios. "Vários motoristas deixam de trocar o filtro do compressor de ar do freio a cada 30 mil quilômetros rodados, em média. O óleo de motor pode vazar, danificando o sistema de freada", acrescentou Serafim.

"Grande parte dos caminhoneiros não tem boa saúde, conforme verificado por nossos exames, por causa do estresse, má alimentação, muitas horas de trabalho seguida e poucas horas de sono", disse o médico cirurgião da unidade de resgate da Ecovias Adriano Bechara.

Por causa do excesso de trabalho e pouco descanso, o caminhoneiro Reinaldo Cordeiro, 36 anos, disse já ter parado no acostamento da via Anchieta para dormir. "Foi no mês passado. Estava indo para São Paulo e tinha de entregar rapidamente a carga que levava. Para evitar um acidente, parei no acostamento e dormi um pouco", disse Cordeiro.

Júnior Teles Couto, 30 anos, não conseguiu evitar um acidente. "Há uns dez dias dormi no volante na marginal Pinheiros, em São Paulo, e bati em outro carro. Ainda bem que não foi nada grave. Desde então, tenho tentado dormir mais, mas, muitas vezes, não dá tempo".




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