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Troca-troca provoca baixas no PT
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
25/09/2005 | 08:02
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Dois senadores, nove deputados federais e sete estaduais (paulistas) trocaram de partido nas duas últimas semanas, às vésperas de 30 de setembro – prazo final para que os candidatos às eleições de 2006 mudem de legenda. O fenômeno é natural como a migração dos pássaros no inverno, mas neste ano, a crise política e a perspectiva de mudança nas regras eleitorais e partidárias que podem afetar os nanicos promovem fatos inéditos. O PT e seus aliados (PP, PL, PTB) sofreram as maiores baixas, na contramão do inchaço que tiveram desde 2003. Considerado o ‘partido-ônibus’, o PMDB recolhe parte dos aliados, enquanto os ‘ideológicos’ P-Sol, PDT e PSB recebem dissidentes de esquerda.

Abalado pelas denúncias de corrupção, pela possível vitória do mesmo Campo Majoritário e pela manutenção da política econômica de sempre, o PT já perdeu o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque para o PDT. Outra defecção foi do fundador do partido em Fortaleza, o carteirinha número 4 e deputado federal João Alfredo (CE), que apertou o botão de ejeção dia 21, e anuncia agora que vai para o recém-nascido P-Sol. O dissidente afirma que mais quatro se movimentam, provavelmente ainda hoje, para pular fora.

Motivado pela "metamorfose" que vê no partido, o suplente de deputado federal Wagner Rubinelli, com base em Mauá, anunciou transferência para o PPS, onde tem mais chance de voto. Entre os migrantes da Câmara, está o deputado Edinho Montemor, de São Bernardo. Há sete meses, ele deixou o PSB e foi para o PL, mas, diante da crise política atual, voltou ao partido de origem.

Fortalecidos – Menos acostumado ao zigue-zague, o também paulista Delfim Netto já deixou o PP com destino ao PMDB. Envolvidos diretamente na crise, PP e PL perderam nomes sem ganhar nenhum. Beneficiados por ela, PDT, PMDB, PFL e PSC ganharam músculos.

O tremor em Brasília repercute país adentro por causa da crise. Pela primeira vez em décadas, a bancada do PT na Assembléia Legislativa paulista perdeu um nome, com a saída de Mauro Menucchi. Ele reconhece o ineditismo, mas afirma que seria "hipocrisia" utilizar o cenário atual de crise no PT para explicar a mudança. "Na verdade, há uma relação de profundo desgaste com o partido, mas não tenho restrições ao governo Lula."

Grande ABC – Até sexta-feira, nove vereadores do Grande ABC trocaram de legenda, boa parte deles de olho na campanha rumo à Assembléia Legislativa em 2006. Ex-secretário de Maurício Soares em São Bernardo e quadro expressivo do PSDB local, Carlos Maciel anunciou sua ida para o PDT, partido que o novato Aidan Ravin, de Santo André, abandonou para abraçar o PPS.

Se houvesse conteúdo ideológico por trás da sigla, a mudança mais radical seria em São Caetano, onde o socialista Gilberto Costa partiu para o efetivamente conservador PP, de Paulo Maluf. Em Diadema, Lauro Michels anunciou que sairá do PSDB em direção ao PSB. Em Mauá, Chiquinho do Zaíra (PSB) sonda os vereadores Ozelito Benedito (PSDC), Chico do Judô (PPS) e Alberto Betão Pereira (PTB)

A maior movimentação ocorre por enquanto em Ribeirão Pires. Alinhado com o prefeito Clóvis Volpi (PV), o vereador Saulo Benevides abandonou o PTB para disputar uma candidatura verde a deputado estadual, enquanto Antônio Muraki correu do PPS para o PFL.

E José Vicentinho de Abreu do PRP para o PHS. José Nelson saiu do PL, mas ainda não definiu novo destino. Em Rio Grande da Serra, Anderson Guijarro saiu do PTB em direção ao PPS.




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