O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), resolveu ceder às investidas do presidente do Legislativo, Gerson Constantino (PSD), e enviou Orçamento cheio para os vereadores. Os cofres da Câmara no ano que vem receberão 6% do valor referente ao Orçamento deste ano - cerca de R$ 6 milhões. Em anos anteriores, o percentual não passava de 4,8%. O comandante da Casa foi diversas vezes ao gabinete do verde para pedir mais verba. A previsão de arrecadação para o ano que vem é de R$ 211 milhões.

O momento para agradar os vereadores é justificável. Além de o PV perder sua bancada de três parlamentares, a base de sustentação anda vulnerável. Encabeçados por Koiti Takaki (PSD) e Saulo Benevides, figuras clássicas da oposição, alguns parlamentares têm votado contra o Executivo, agitando os bastidores e deixando o relacionamento com a administração mais turbulento.

A saída de Gerson do PV foi complicada. Ele migrou para o PSD com intuito de apoiar Saulo nas eleições do ano que vem. Por conta disso, muitos acreditavam que o pedido do presidente não seria atendido. Mas Volpi resolveu dar o afago e levantar a bandeira branca.

No ano passado, não foram poucos os pedidos para que o Orçamento do Legislativo fosse mais recheado. Na ocasião, o então presidente Edson Savietto, o Banha (PDT), não conseguiu sensibilizar Volpi. A reivindicação era por R$ 5,7 milhões. A administração enviou R$ 5,1 milhões.

O presidente não acredita que a postura do ex-correligionário seja por motivos políticos. "Para mim, é reconhecimento do meu trabalho. Essa é a prova que tenho forma diferente de trabalhar, que sei gerenciar a Câmara", analisou.

Apesar da boa notícia para os pares, muitos deles ainda não conseguiram ter acesso à peça. José Vicente de Abreu, o Vicentinho (PR), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, é um deles. O republicano afirmou que deseja começar sua análise do documento na segunda-feira. "Pedi para o presidente me mandar, pois ainda não vi nada. Temos que estudar isso com calma, até para apresentarmos as emendas", ponderou.

O líder do governo na Casa, Antônio Muraki (PTB), endossou o discurso do colega e afirmou que na segunda-feira irá se debruçar de forma mais efetiva ao Orçamento. O petebista ressaltou que as finanças municipais serão no limite. "O valor é bastante apertado, pois o prefeito não trabalha com expectativa de superavit, por conta da economia viver um momento de insegurança", avaliou.