O caso Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, voltou a pautar o discurso da candidata a prefeita de Mauá Vanessa Damo (PMDB), que visa atrelar o adversário Donisete Braga (PT) ao episódio. Enquanto aguardava o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), em comício ontem de manhã, a peemedebista disse que "Mauá não quer prefeito que tem ligação obscura com o assassinato de Celso Daniel". Assim como fez anteontem, durante o debate do Diário em que esteve frente a frente com o petista.

A candidata tem feito a ligação diariamente após terminar o primeiro turno atrás do rival. Essa é a estratégia montada pela coordenação da campanha do PMDB para desgastar o petista e conseguir a virada nas urnas.

Vanessa tem questionado o fato de o sinal do telefone celular do adversário ter sido captado próximo ao local em que o corpo de Celso Daniel foi deixado, logo após ter sido morto, há dez anos. Também indaga o rival sobre contratação da mulher de Sérgio Gomes, o Sombra, réu no processo da morte do chefe do Executivo que era segurança e assessor do prefeito e estava com ele quando foi sequestrado.

O MP (Ministério Público) pediu que a Justiça investigasse suposto elo do prefeiturável, que nega a ligação, com o caso em 2003. Mais tarde, diante de falta de provas, o próprio órgão pediu o arquivamento do processo, referendado pelo Tribunal de Justiça em 2005 por 25 votos a zero.

ESTÍMULO

Em discurso polido e sem polêmicas (a fala durou três minutos), Michel Temer se colocou como "um velho militante" do partido e considerou que sua visita a Mauá estimulará os cabos eleitorais de Vanessa Damo na reta final do segundo turno, marcado para domingo.

"Carrego a chama do PMDB para incendiar vocês a trabalharem firmemente para elegermos a Vanessa", discorreu Temer. O cacique fez referência ao fogo estampado no logo da sigla sobre a letra ‘M'.

O líder peemedebista chegou ao comício após a menção de Vanessa sobre o caso Celso Daniel.

ESTREIA E DESPEDIDA

Vanessa usou o último comício para, pela primeira vez desde o início da corrida eleitoral, em 6 de julho, alçar ao palanque o seu pai, o ex-prefeito Leonel Damo. Adversários chegaram a utilizar a ausência do ex-chefe do Executivo da campanha como tentativa de a candidata "esconder" seu progenitor, que deixou a Prefeitura de Mauá em 2008. "Aqui todo mundo tem orgulho do passado", afirmou a prefeiturável.

Michel Temer nega ter pedido ausência de Lula na cidade

Após participar do comício com Vanessa Damo, Michel Temer negou ter pedido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se ausentasse da campanha do candidato a prefeito Donisete Braga (PT). Segundo informações que correram em Mauá na semana passada, o cacique peemedebista teria feito a oferta para conferir equilíbrio ao segundo turno, já que é sabedor do alto potencial de transferência de votos carregado pelo ex-chefe da Nação."Houve acordo com relação a capitais, como Natal. Sobre Mauá não", disse Temer, em rápida entrevista. PMDB e PT selaram acordo no segundo turno pelo apoio de Gabriel Chalita a Fernando Haddad na eleição da Capital. No cesto de contrapartidas, está a ausência de Lula em cidades que candidatos do PMDB duelam contra petistas. Em Natal, Hermano Moraes (PMDB) enfrenta Carlos Eduardo (PDT), apoiado pelo PT.

Acordo firmado ou não, Lula participou de comício com Donisete na sexta-feira, a exemplo do que já havia feito no primeiro turno.