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Pacto nao impede queda de empregos na colheita de cana
Do Diário do Grande ABC
20/05/2000 | 15:14
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O pacto pelo emprego no setor sucroalcooleiro nao impediu a queda no número de contrataçoes temporárias para a colheita da cana-de-açúcar em todo o Estado, segundo o presidente da Federaçao de Trabalhadores do Estado de Sao Paulo (Fetaesp), Mauro Alves da Silva. "Concordamos em assinar o pacto, já que ele estabelecia prazos para que o impacto das demissoes fosse diluído no decorrer dos anos. Isso nao aconteceu e queremos providências", disse.

O setor, segundo ele, ainda está contabilizando as baixas deste ano, já que a maior parte das usinas só iniciou a safra na semana passada. Um estudo feito pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de Sao Paulo também deverá ser divulgado nas próximas semanas, segundo o secretário adjunto Lourival Mônaco, responsável pelo pacto.

O presidente da Fetaesp lembra que, de acordo com o documento assinado há um ano pelos representantes do setor (usineiros, montadoras, indústrias e ruralistas), estava prevista a mecanizaçao gradual no decorrer dos próximos 12 anos, prazo prorrogado em março para 20 anos. "Também ficou acertado que no ano passado o setor nao demitiria e as usinas só iriam cortar a cana crua com máquina, mas sabemos de uma série de usinas que está cortando com máquinas também a cana queimada", comentou.

Na regiao de Ribeirao Preto, as usinas confirmam que a mecanizaçao está avançada. Apesar da previsao feita no pacto de que 18,5% da área cultivada deveria ter colheita mecanizada, o total foi de 23,5%. A previsao, segundo a assessoria de relaçoes públicas das usinas, é de que mais de 35% da área de cana crua esteja mecanizada até o final deste ano. Há que se lembrar ainda que no ano passado, o volume de 23,5% foi sobre uma safra de 82 milhoes de toneladas de cana. Este ano, a previsao é de 35% de mecanizaçao para a colheita de 72 milhoes de toneladas de cana, devido à quebra provocada pela estiagem prolongada no final do ano passado e falta de cuidados com o canavial.

O presidente da Uniao da Agroindústria Canavieira (Unica), Joao Carlos Figueiredo Ferraz, disse que a maior parte da mecanizaçao está ocorrendo por causa dos pequenos fornecedores que adquiriram máquinas de segunda mao. As usinas estao, segundo ele, apenas substituindo máquinas ultrapassadas. Ferraz disse que a "mecanizaçao é inevitável", mas que as usinas estao tentando controlar o processo para evitar maior impacto social.

Segundo a assessoria das usinas, desde o início da mecanizaçao o número de trabalhadores rurais empregados na regiao, caiu para 42 mil pessoas, cerca de 4,5 mil a menos do que no início da década. A regiao de Ribeirao é a mais avançada em mecanizaçao dos canaviais. A Fetaesp contesta os números e afirma que em todo o Estado o número de trabalhadores se reduziu em três anos de 350 mil para 220 mil. A previsao de ambos os lados é que pelo menos mil trabalhadores deixaram de ser contratados.

Na regiao de Ribeirao Preto, os sindicatos de trabalhadores rurais tem exemplos de usinas que deverao deixar máquinas paradas este ano para nao demitir um número excessivo de funcionários, e em contrapartida, usinas que aumentam sua área mecanizada para 62% do total. É o caso da Usina Bela Vista, de Pontal.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pontal, Jairo da Costa Antonio, a usina que no ano passado contratou 950 pessoas, para a safra 2000/01 chamou apenas 250. Também em Pontal , a Usina Bazan, que tem 1.200 funcionários, deve deixar duas máquinas paradas este ano, segundo o sindicato, para evitar demissoes. Costa Antonio acredita que se a usina colocasse as máquinas para funcionar, pelo menos 360 trabalhadores deixariam de ser contratados. "Além da diminuiçao dos postos de trabalho, estamos esperando que as empresas, a maior parte delas, cumpra o compromisso estabelecido anteriormente de incentivar a qualificaçao desses trabalhadores para atuarem em outras áreas", disse.




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