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Consolação conta com bucólicas estradas e produção de azeite extra virgem
Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/01/2019 | 07:16
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Soraia Abreu Pedrozo/DGABC


O caminho que leva a Consolação, partindo de Cambuí, que está na beira da Rodovia Fernão Dias, por si só já é encantador. Tranquila, com muitos tons de verde nas colinas da Serra da Mantiqueira, e de cores garantidas pelas flores, a estradinha de terra reserva paisagem bucólica que não cansa os olhos, e descansa a mente. A cerca de 30 minutos de distância se chega ao bairro dos Rosas, onde está a Casa Mantiva (que mescla Mantiqueira e vida), que no alto do terreno de 100 hectares da Fazenda Jequitibá planta 8.700 oliveiras, a 1.200 metros de altitude, cuja colheita de azeitonas resulta em azeite extra virgem extremamente saboroso. Tanto que um exemplar entrou no Guia de Azeites do Brasil, safra 2018, de autoria de Sandro Marques, professor de gastronomia do Senac, como um dos melhores azeites da variedade koroneiki nesta safra.

Tudo começou nos anos 2000, quando o casal Carlos e Elda Diniz, que possuía empresa de equipamentos médicos em São Paulo, resolveu procurar a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) em Maria da Fé para buscar mais informações sobre como produzir a iguaria em terreno que, inicialmente, pensavam em dedicar ao gado. Após identificarem o tipo de azeitona mais adequado ao local, iniciaram o plantio em 2011, e em 2017, para se ter ideia, conseguiram colher (o que é possível só uma vez ao ano, entre janeiro e março) 1.000 quilos, volume que no ano passado foi a 10 toneladas. Diniz conta que a produção nacional de azeite extra virgem é relativamente recente, uma vez que a Epamig realizou a primeira extração oficial em 2008.

Hoje, são plantadas cinco variedades de azeitonas: arbequina, arbosana, koroneiki (tipo de origem grega que se adaptou bem a Minas), maria da fé (variedade mineira) e grappolo. No ano passado, foram confeccionados 1.200 litros de azeite de dois tipos e três variedades (um blend) e envasados em conserva 150 quilos, conta Diniz. Para este ano, a ideia é manter os 1.200 litros de azeite, devido às condições climáticas, mas com um novo tipo de produto, não filtrado e mais fresco, e chegar a 400 quilos de azeitona. “Sabia que a azeitona no pé é amarga, intragável?”, questiona. “Optamos por processo de ‘cura’ artesanal, e a colocamos na salmoura com água da Mantiqueira e sal marinho. É processo lento, que dura cerca de quatro meses, mas deixa mais saboroso.”

Ele conta também que, para extrair o azeite, a azeitona pequena é a ideal, e alerta que quando o produto tem cheiro de azeitona, há grave defeito. “A cada 100 quilos, conseguimos até 14% de azeite.” Para ser extra virgem, o índice de acidez deve ser menor que 0,80%. “Os nossos têm entre 0,14% e 0,15%.”

O preço da garrafa de 250 ml varia de R$ 30 a R$ 45 e o pote de 150 gramas da azeitona, R$ 15. Diniz está construindo local para oferecer degustação. A ideia é inaugurar no Carnaval, e depois aos sábados e feriados, das 9h às 16h, para oferecer também visita guiada com degustação, que vai durar duas horas. Vale checar o funcionamento antes pelo (11) 9 9658-9831. “Azeite é alimento único, e é mito que não pode cozinhar com ele. É gordura boa ao coração, reduz colesterol ruim, previne câncer e Alzheimer, mas é importante que ele seja fresco. Por isso vale sempre verificar a data da colheita.” Dentre os planos para este ano, está o de produzir e vender no local sabão (R$ 15) e creme hidratante de azeite (R$ 18).

Gonçalves encanta com paisagem e gastronomia

Mais meia hora adiante de Consolação, e algumas outras dezenas de paisagens bucólicas para se encantar, se chega em Gonçalves (cerca de uma hora de Cambuí), uma das mais famosas cidades do circuito. Sugestão é almoçar no Restaurante Cabana, que tem comida boa a preço justo. Aberto das 11h às 15h com bufê de comida mineira que varia de R$ 36,90 a R$ 39,90 o quilo, e das 15h às 21h à la carte, em que duas pessoas desembolsam de R$ 40 a R$ 80, sendo R$ 50 a carne de lata (de porco, mantida na banha) e a truta no maior valor.

Em uma das pracinhas da cidade (Monsenhor Dutra, 138), vale parar em A Senhora das Especiarias (aberto todos os dias das 9h às 17h e, sábado até 18h). “Sempre procuramos produtores locais, usamos açúcar orgânico e fazemos cola com polvilho para colar os rótulos”, conta a gerente Adriana Kurebayashi. O local conta com 90 itens, entre geléia, antepasto, chutney, molhos e temperos, e é possível degustar antes de levar para casa. Sabores inusitados e memoráveis: morango com earl grey, hibisco com canela e figo com grappa (potes pequenos de R$ 7 a R$ 9 e, grandes, de R$ 20 a R$ 26). É possível comprar pela internet também (https://e-especiarias.com.br/).

Pertinho dali, no Sítio Três Barras, no bairro Serrinha, a casa da proprietária Zezé Andrade e a vista do terraço, onde o visitante pode dar uma espiada, é espetáculo à parte. Parece a janela do céu, e dá vontade de ficar em uma das redes colocadas estrategicamente no local.

Além da paisagem, a outra vedete é o molho pesto com pinhão, que não deve nada para a variação com castanha. Ao provar a geléia de jabuticaba, parece que é a iguaria mais docinha da fruta que se está comendo, e a laranja cristalizada derrete na boca. Tudo é orgânico e feito no local e, pontualmente às 8h, Zezé, psicóloga aposentada que produz por hobby, medita com sua equipe por 20 minutos. Nada mais perfeito para começar o dia naquele local.


 




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