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Comunidade surda pede Libras na grade escolar

Por Bia Moço
Especial para o Diário
30/09/2017 | 07:00
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 É preciso, antes de mais nada, lembrar que inclusão é a chave para atender adequadamente pessoas com surdez, cujo dia internacional é celebrado hoje. A data é aproveitada pela comunidade de surdos para reivindicar a incorporação da Libras (Língua Brasileira de Sinais) – idioma criado para promover a comunicação entre surdos e ouvintes – na grade curricular das escolas públicas. Outro alerta é para que, de fato, gestores invistam e coloquem em prática políticas públicas capazes de garantir condições dignas de vida aos indivíduos com deficiência auditiva.
Marcelo Bessa, coordenador e professor do curso de Libras da Sedef (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobilidade Reduzida) de São Caetano é surdo de nascença e humorista. Em entrevista à equipe do Diário, ele explica a necessidade de que a Libras seja um idioma comum a todos, tendo em vista que são muitos os problemas enfrentados pelos surdos no dia a dia. “A principal (dificuldade) seria a falta de comunicação em locais públicos, como hospitais, bancos, entre inúmeros outros pontos. Sinto falta de comunicação de qualidade. Os surdos querem interagir, mas ainda encontramos muitas barreiras nas escolas, no trabalho, na Saúde e lazer.”
“Acredito que a região deve investir em tecnologias, locais com intérpretes de Libras e em dar olhar mais sensível para a comunidade surda. Abrir as portas para que tenhamos livre acesso às autoridades e mais formação em todos os setores. Para que a inclusão aconteça de forma efetiva e com qualidade”, destaca Bessa.
Em São Caetano, a Fundação Municipal Anne Sullivan é referência no atendimento aos alunos com deficiência. Para a diretora Solange Cardoso Keller, assim como Inglês, a Libras deveria fazer parte do currículo escolar. “A iniciativa é incluir o ensino para que as crianças cresçam com essa cultura. Não seriam fluentes, mas facilitaria a comunicação e sem dúvida influenciaria no convívio mais próximo com a comunidade surda.”
A fonoaudióloga Ana Lúcia Carlovich, 42 anos, atua há 24 na Educação Especial. Por destino, conforme ela descreve, seu filho Giovanni, 14, nasceu surdo. Mesmo acostumada com o dia a dia do ensino inclusivo, estar do ‘outro lado da história’ exigiu adaptação. Giovanni estuda na rede pública regular e, para a mãe, esse cenário foi fundamental para que ele se desenvolvesse e tramitasse com naturalidade por todos os lugares. “As pessoas confundem inclusão educacional com inclusão social. A inclusão educacional está na rede, e ele tem tudo que precisa na escola, mas a social, quem tem de fazer é a família. Acredito que para se comunicar basta respirar. Portanto, cabe aos pais adequar esse filho surdo ao cotidiano da sociedade”, considera Ana Lúcia.
A falta de oportunidades de convívio é o que mais incomoda a fonoaudióloga. Ela cobra mais atividades culturais voltadas à comunidade surda. “Eles (surdos) precisam estar em grupos e ter espaços e atividades destinadas a eles. Mas vale ressaltar que convivem bem em sociedade, qualquer coisa que você disser para o meu filho ele vai entender, pois faz leitura labial.”
Em São Bernardo, onde 75 alunos surdos estão incluídos à rede de Educação, foi realizada oficina de Libras para os condutores e monitores que transportam os estudantes da Emeb Padre Manuel da Nóbrega, no Jordanópolis, em comemoração à data e reforço da necessidade de inclusão.




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