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Sem fiscalização, invasões aumentam em S.Bernardo

Famílias ocupam área pública no Montanhão;
assentamento do São Pedro completou 2 meses

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
03/12/2016 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A menos de um mês para troca de gestão da Prefeitura de São Bernardo, mais uma ocupação irregular se instala em área pública do município. Aproveitando a fragilidade da fiscalização no fim do governo Luiz Marinho (PT), grupo formado por 11 famílias instalou barracos irregulares na divisa do assentamento Biquinha com o Golden Park, na região do bairro Montanhão.

Formado em sua maioria por pessoas desempregadas e que dizem não estar ligadas a movimentos sociais, o grupo é o segundo a invadir áreas pertencentes à administração municipal em período de dois meses. Em outubro, 1.000 famílias invadiram terreno na Vila São Pedro e, embora acordo judicial com prazo para a saída dos moradores tenha vencido ontem, parte das famílias se recusa a deixar o espaço.

Embora a Prefeitura de São Bernardo afirme que possui programação de “desfazimento de ocupações, que é realizada de forma continuada pela brigada, com apoio dos outros órgãos do município, em toda a cidade”, as invasões espalhadas pelo município têm ganhado força.

“Pagava R$ 500 por mês para viver em dois cômodos na favela da Coca (em Diadema), mas chegou uma hora em que não tinha mais como arcar com esse custo. Perdi meu emprego de pedreiro e, na Prefeitura, não consegui nada, somente um cadastro para ficar numa fila de espera em programa social”, desabafa Leoncio Sebastião da Silva, 22 anos.

Embora a ocupação esteja localizada em área de preservação ambiental e também considerada de risco, moradores afirmam que, até o momento, somente em uma ocasião foram alertados para sair do local por agentes da polícia ambiental. “Eles vieram aqui, mas nos comprometemos que ninguém mais irá ocupar a área e estamos cumprindo. Sei que é complicado, mas nosso desejo é que a Prefeitura não nos retire daqui”, relata o pedreiro Francisco Gomes, 40, um dos primeiros moradores do assentamento precário.

Conforme apuração do Diário, movimentos sociais do município já sinalizam possíveis invasões a partir deste mês. Um dos locais apontados como opção é conjunto habitacional no Jardim Divinéia, cujas obras estão 70% concluídas, além de terreno no Jardim Ipê, na Rua dos Sobreiros, área desapropriada para a criação de parque público.

A situação preocupa o vice-prefeito eleito e hoje vereador, Marcelo Lima (SD). “Estamos de mãos atadas. Respeitamos o atual mandato, que vai até o dia 31 de dezembro, mas gostaríamos que eles tomassem providências, porque esse é um problema que pode crescer e é muito prejudicial ao município. Existe a denúncia de que o próprio governo PT esteja incentivando essas ocupações com o intuito de atrapalhar a nova gestão, o que é inaceitável”, destaca ele, que cogita recorrer ao MP (Ministério Público) para resolver o caso.

Em nota, a administração informou que as famílias que residem nos 11 barracos, na divisa do assentamento Biquinha com o Golden Park, “já foram notificados e, caso não haja saída voluntária, estão na programação de desfazimento de ocupações”. No entanto, não forneceu prazo para a ação.

São Bernardo tem cerca de 261 assentamentos precários, onde estão construídos um terço dos domicílios da cidade.

 

VILA SÃO PEDRO

Após completar dois meses de ocupação, as 150 famílias remanescentes em terreno na Vila São Pedro foram notificados pela Polícia Militar sobre a desocupação da área na segunda-feira. O prazo dado pela Justiça para a saída voluntária do grupo, que chegou a ter 1.000 famílias, expirou ontem.

Os líderes do movimento cogitam realizar, na segunda-feira, protesto em frente à Prefeitura para reverter a situação ou ao menos reivindicar o pagamento da primeira parcela do auxílio-aluguel antes da desocupação.

 




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