Política Titulo Acusado de assédio sexual
Câmara de Mauá volta a arquivar denúncia contra Manoel

Por maioria de votos, acusação de prática de assédio sexual que envolvia o democrata é desconsiderada pela Câmara de Mauá

Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
09/11/2016 | 07:00
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Cinco meses depois de reabrir investigação para apurar denúncia de assédio sexual envolvendo o vereador Manoel Lopes (DEM), a Câmara de Mauá voltou a arquivar o processo, na sessão de ontem, quase três anos depois de engavetar o caso. Por maioria dos votos, os parlamentares absolveram novamente o democrata do processo de cassação do mandato por quebra de decoro.

O resultado da votação pró-Manoel já era esperado, uma vez que o parlamentar vinha articulando desde junho, quando a sindicância foi aberta, para se livrar da perda do mandato. O caso ocorreu em 2013, quando a auxiliar de limpeza da Casa Raquel Paula de Miranda acusou Manoel de assédio sexual. Ele nega a prática e, processado pela moça, foi absolvido duas vezes pela Justiça de Mauá. A comissão criada pelo presidente da Casa, Marcelo Oliveira (PT), terminou as apurações depois de vários contratempos e em meio a trabalhos confusos – encerrou o processo sem sequer ouvir o depoimento de Raquel – e emitiu parecer final que não conclui se houve assédio por parte de Manoel.

Em fevereiro de 2014, sob a presidência do hoje superintendente da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), Paulo Suares (PT), o Legislativo arquivou a denúncia com voto do próprio Manoel. O assunto voltou à tona no dia 7 de junho deste ano, quando o vereador Luiz Alfredo dos Santos Simão (PTdoB) pediu a reabertura das investigações alegando comoção com o estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro. Nos bastidores, porém, comentava-se que Simão tentava retaliar Manoel por ter vazado informação de que o trabalhista era beneficiário irregular de área pública.

Desta vez, nem Manoel nem Simão votaram. Por ser presidente, Marcelo também se absteve. Dos 20 vereadores aptos a votar, apenas José Luiz Cassimiro (PT) foi contrário ao arquivamento da denúncia. Para que o processo fosse adiante, seriam necessários votos da maioria simples dos parlamentares presentes.

Visivelmente constrangido com o caso, Manoel se irritou ao ser questionado sobre o resultado da votação de ontem e não quis comentar. Já Simão lamentou o “corporativismo” dos colegas. “Lamento. Vi esses dias que, a cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil. Então, é complicado, é triste a realidade do nosso País. Trouxe à tona e pedi para reabrir o processo, fiz a minha parte”, frisou Simão.

Acusado de assédio sexual, Manoel teve dificuldades durante a eleição por conta da repercussão do assunto, tanto que chegou a cogitar desistir de disputar a reeleição e apoiar a mulher, Ângela Donatiello, secretária de Educação durante a gestão Leonel Damo (PMDB). Apesar do desgaste, Manoel foi reeleito no dia 2 de outubro para o sexto mandato consecutivo com 2.243 votos, somando 24 anos na cadeira de vereador – um dos parlamentares mais longevos do Grande ABC. Simão, por sua vez, não obteve êxito nas urnas. 




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