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Para dirigentes de clubes brasileiros, ?nova Libertadores? enfraquece Estaduais
19/10/2016 | 06:00
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As mudanças para a próxima edição da Copa Libertadores agitam os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O fato de ter mais vagas para os times do Brasil e o torneio continental ocorrer entre fevereiro e novembro exigem alterações no planejamento das equipes.

O jornal O Estado de S.Paulo entrou em contato com os 20 participantes da Série A no começo do mês e 14 deles responderam o que acharam da "nova competição" e deram sugestões de mudanças. Casos de Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos, Flamengo, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, América-MG, Chapecoense, Coritiba, Vitória e Sport. O Fluminense disse que, por causa das eleições no clube, não responderia aos questionamentos.

A opinião entre os dirigentes é divergente. A maioria considera positivo o aumento no número de classificados - passou de cinco para sete clubes -, mas diverge sobre a possibilidade de aumentar o número de atletas para suportar a temporada - a Libertadores será disputada entre fevereiro e novembro. Todos entendem que os campeonatos estaduais correm ainda mais perigo de ser banalizados.

"O Brasileirão tende a ficar melhor, pois serão mais times brigando por coisas importantes. Já os Estaduais, de fato, precisarão ser reavaliados", disse Roberto de Andrade, presidente do Corinthians. "O Campeonato Gaúcho vem sofrendo um empobrecimento. O ideal seria que Grêmio e Inter entrassem na reta final do torneio", sugeriu o vice-presidente do Conselho de Administração do Grêmio, Odorico Roman.

Nesta semana, representantes de alguns clubes brasileiros fizeram uma nova reunião com membros da Conmebol para discutir os temas. Entre eles, o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior. "Precisamos discutir a questão da remuneração. O Paulista mudou para 16 clubes e é um torneio bem rentável", disse, lembrando que o Estadual paga valores próximos ao do campeão continental.

Somando premiações e cota de TV, o Atlético Nacional recebeu US$ 7,75 milhões (R$ 24,7 milhões) pelo título neste ano da Libertadores. O Santos, campeão paulista, ganhou R$ 21 milhões. Até 2015, o Estadual pagava mais do que a Libertadores. Existe o temor de que os clubes mais ricos acabem aproveitando mais essa disparidade.

"Essa alteração resultará em um incentivo extra aos clubes e, em alguns casos, deverá ter o aumento no elenco, mas dependerá da realidade de cada agremiação", disse o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre. Quem faz alerta parecido é o vice-presidente de futebol da Chapecoense, Maurinho Stumpf. "Os clubes em boa condição financeira devem levar mais vantagem".

Já Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, alerta para a necessidade de um prazo maior para adaptação. "Existem contratos com jogadores, por exemplo, que foram definidos para acabar após a Libertadores e, com essa mudança, isso causa um problema", disse. O diretor executivo do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, vê justiça. "Temos de ter mais representantes mesmo, assim como a Argentina, que tem um futebol forte".

Há também quem acredite que as alterações não devem causar grandes mudanças. "Não vejo necessidade de aumentar o número de jogadores. Cada time vai fazer dois jogos por mês, no máximo", minimizou Vitório Piffero, presidente do Internacional.

Além dos Estaduais, a Copa do Nordeste também pode ser prejudicada. "É um campeonato respeitado e que precisa ser adequado para manter a importância dele", destacou Manoel Matos, vice-presidente do Vitória.




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