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Dengue passa longe de Rio Grande da Serra
Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
04/04/2016 | 07:00
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Enquanto do último ano para cá o mosquito Aedes aegypti tem transmitindo dengue para inúmeras pessoas em todo o País, o município de Rio Grande da Serra está passando imune a esse turbilhão. Desde 2015, auge da doença, até agora, é a única entre as sete cidades que não apresenta registros autóctones (contraídos no próprio local de moradia).


A Secretaria Municipal de Saúde não informou quando foi a última vez em que ocorreram casos desse tipo, mas o Diário noticiou, em janeiro de 2014 (ano em que também não houve registros da doença), que desde 2011 o território está livre de diagnósticos autóctones. No ano passado, o Grande ABC contabilizou 7.403 ocorrências, com sete vítimas fatais. Já no primeiro trimestre de 2016, o cenário tem sido bem inferior (leia texto abaixo).


As condições ambientais de Rio Grande da Serra podem favorecer o quadro, segundo o biólogo e professor do curso de Ciências Biológicas da Unip (Universidade Paulista) Rafael Cedro de Souza Sandoval. A arborização e a proximidade com a Serra do Mar resultam em um clima ameno, que não está entre os pontos que atraem o Aedes aegypti. “Esse mosquito depende muito de temperatura elevada e o clima mais serrano desfavorece o ciclo de vida dele”, fala o especialista. A condição mais favorável para o desenvolvimento da larva é entre 25ºC a 30ºC. Abaixo e acima dessas temperaturas, o Aedes diminui a atividade.


Outro fator apontado pelo biólogo é a preferência do inseto por centros urbanos. “O Aedes aegypti é muito urbanizado. Como em Rio Grande da Serra há mais mata e não há muito problema com lixo, pode ser esse também um ponto para a não incidência da doença por lá.”


Mesmo com o cenário favorável, a professora Isabel Cristina dos Santos de Paula Pereira, moradora do bairro Oásis Paulista, se mantém precavida. “Tenho tomado os devidos cuidados com as minhas plantas e vasos. Também tenho uma frondosa citronela plantada no chão, próxima às janelas dos quartos. E procuro manter tudo limpo e arejado”, listou. A citronela citada por ela é parecida com a erva cidreira, mas não deve ser ingerida. Suas folhas têm componentes como o aldeído citronelal e o geraniol, que são princípios ativos para repelentes naturais.


A Prefeitura também declarou trabalhar firme para evitar em seu território a visita indesejada do mosquito, que, além da dengue, também transmite o zika vírus e a chikungunya. Segundo a administração, cerca de cinco denúncias de possíveis focos do Aedes aegypti são recebidas por semana.

Prefeitura de Mauá investiga morte suspeita


A Secretaria de Saúde de Mauá investiga a morte suspeita por dengue de uma mulher de 75 anos, ocorrida no dia 26. A idosa era moradora do bairro Parque São Vicente e, segundo a Prefeitura, tinha algumas enfermidades, que não foram informadas.


No primeiro trimestre deste ano, a cidade registrou 22 casos de dengue autóctone (contraídos no próprio município), número bem inferior ao mesmo período de 2015, quando foram contabilizadas 257 ocorrências.


Em Diadema, foram confirmados 26 casos autóctones de dengue, contra 918 nos primeiros três meses do ano passado.


No território de Santo André, a administração informou que, até o dia 26 de março, 21 casos autóctones foram confirmados no município, sendo que, de janeiro a março de 2015 somaram 498 ocorrências.


Em São Caetano, são 14 registros até o momento, cenário bem diferente dos primeiros três meses do ano passado, cujo total chegou a 146 diagnósticos.


As quatro cidades aguardam do Instituto Adolfo Lutz – ligado ao governo estadual e responsável pela realização dos testes de dengue – o resultado de 1.105 exames para confirmar ou não a infecção de dengue nos pacientes. Do total, são 591 em Santo André, 391 em Diadema, 102 em São Caetano e 21 em Mauá. O município de Rio Grande da Serra também aguarda a análise de 11 casos suspeitos. Ribeirão Pires e São Bernardo não forneceram as informações ao Diário.


Comunicado enviado em 14 de março pela Coordenadoria de Controle de Doenças, da Secretaria de Estado da Saúde, a todos os municípios paulistas, determinou que, em virtude da contingência de kits para diagnóstico de dengue e da impossibilidade de atender a demanda represada, houve necessidade de estabelecer critérios para a realização dos exames. As coletas deverão ser feitas apenas para casos suspeitos em municípios sem registro de transmissões autóctones e para pacientes graves e óbitos nas demais localidades. As sete cidades do Grande ABC solicitaram a retomada dos exames, sob alegação de que o critério laboratorial é o mais eficiente para detectar os casos da doença. Enquanto aguardam resposta, continuam realizando a coleta e a armazenagem das amostras.


OUTRAS DOENÇAS

O zika vírus e a febre chikungunya, que, assim como a dengue, também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, não têm registros de casos autóctones nas cidades que retornaram as informações.
 




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