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Curso de cinema atrai jovens
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
23/06/2001 | 17:33
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A falta de um espaço de formação em cinema e vídeo e a carência de informações sobre esses assuntos no Grande ABC são duas lacunas que devem ser parcialmente supridas na região com a instauração da Escola Livre de Cinema e Vídeo em Santo André, projeto recém-lançado e promovido pela Prefeitura. A proposta é oferecer cursos gratuitos de direção, fotografia/iluminação e roteiro, mediante seleção.

O universitário William Chicarelli Filho, 27 anos, de São Paulo, é um dos interessados nos cursos. Integrante do grupo Atentado Cinematográfico, da região, ele também estuda no Grande ABC. “Tudo o que acontece em cinema e vídeo é em São Paulo. Acredito que a Escola Livre será uma forma de complementar o segmento cultural de Santo André, pois ela estimulará a produção regional”, disse. “Acharia importante que na Escola abordassem assuntos que fossem além da produção. Isso porque as maiores deficiências do cinema nacional são distribuição e divulgação”.

“Só tenho noções básicas sobre cinema e vídeo e não conheço um local na região onde eu possa aprofundá-los. Estou inscrito para o curso de fotografia e, se for selecionado, espero utilizar os conhecimentos obtidos para fazer vídeos publicitários”, falou Humberto Souza de Barros, 18, de Santo André, que trabalha em uma agência de publicidade.

Também já inscrito para fotografia, o editor de imagens Alexandre Banhos dos Santos, 25, de Santo André, disse que com o curso pretende reparar uma falha em sua formação acadêmica, Rádio e TV. “Tenho deficiência em iluminação e quero melhorar isso se selecionado. Gostei da proposta da Escola porque também envolve a prática. No Brasil inteiro faltam locais de aprendizagem e estímulo nas áreas de cinema e vídeo, por isso vejo muita importância nessa iniciativa”, falou.

Também estudante de Rádio e TV, decidido a trabalhar na área de cinema, Daniel Selim, 18, de São Paulo, é outro interessado nos cursos. “Mas só vou procurar a Escola Livre a partir do próximo ano, quando deve começar o curso de produção, área que me interessa”, afirmou. A balconista Raquel da Rocha Rodrigues, 20, de Santo André, pretende se inscrever para o curso de roteiro. “O projeto da Escola é importante porque dá oportunidade para as pessoas aprenderem sem ter de pagar”, disse Raquel.

A Escola Livre de Cinema e Vídeo usará tecnologia digital, mais barata que a película. Para o cineasta Sylvio Back (Cruz e Souza, O Poeta do Desterro), 63 anos, que fez o seu primeiro longa-metragem em 1968 (Lance Maior), a criação de uma escola de formação em cinema e vídeo fora do eixo Rio-São Paulo é promissora.

Porém, ele acredita que o estudo do cinema começa pela película. “O celulóide é de uma qualidade insuperável. Se não o fosse, Hollywood já teria trocado as câmeras de cinema pelas digitais”, falou.

Back explicou que a filosofia de criação cinematográfica varia de acordo com o suporte: “Com as câmeras digitais, você pode captar um monte de imagens e depois fazer o filme num computador. Já com o celulóide, é preciso pensar muito antes de gravar uma cena, porque os custos que envolvem a produção em película são expressivamente maiores que os em tecnologia digital”.

Rogério Corrêa, um dos coordenadores da Escola Livre, concorda com as afirmações de Back. “O problema é que não temos orçamento para trabalhar com película. A nossa proposta é de produção com câmera digital. Isso não quer dizer que não teremos postura criativa e crítica”, afirmou.




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