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Gustavo Loyola aponta tendências para 2016
Por Simpi
06/01/2016 | 07:02
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Em entrevista concedida ao programa de TV do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), A Hora e a Vez da Pequena Empresa, Gustavo Loyola, ex-presidente do BC (Banco Central do Brasil) e sócio-diretor da empresa Tendências Consultoria Integrada, fez uma análise macroeconômica sobre como foi o ano passado, ratificando os resultados obtidos pelo estudo mensal Simpi/Datafolha. “O quadro apresentado pela pesquisa é exatamente o retrato da economia brasileira como um todo”, afirma. Segundo ele, 2015 foi um ano realmente difícil, marcado por muitos aumentos nos preços, principalmente daqueles administrados pelo governo, com a volta da inflação alta e persistente, do câmbio desvalorizado, da elevação dos custos financeiros, da falta de crédito para investimento, do recrudescimento das demissões e da grande dúvida que paira sobre a atual crise política, que está claramente gerando incertezas nos agentes econômicos e, consequentemente, o mau humor do mercado. “Essas condições levaram o País a um crescimento negativo, em que, praticamente, todos os setores da sociedade sentiram, não apenas a indústria, mas, também, o comércio e serviços”, diz ele, que complementa: “As expectativas nunca estiveram tão negativas. Já é realidade que o País perdeu o grau de investimento e, a continuar assim, o ano de 2016 poderá ser tão ruim ou até pior do que 2015”.

Eleito o ‘Economista do Ano’ pela Ordem dos Economistas do Brasil em 2014, Loyola avalia que os problemas da economia brasileira não estão concentrados apenas no Ministério da Fazenda, em que a simples troca de ministro não mudará muito as coisas. “Na realidade, existe um fundo político para a crise”, afirma um dos mais renomados especialistas brasileiros. Para ele, trata-se de uma típica situação que requer coragem e liderança para a prática de políticas de ajuste fiscal e monetário, condições que não existem no momento. “A dificuldade que a presidente tem para articular uma maioria no Congresso impede que haja a aprovação, implantação e execução dos ajustes estruturais necessários, e, sem isso, não há recuperação da confiança da economia”, diz ele, convicto de que há um grande risco de tentar acelerar a economia sem fazer os ajustes necessários. “Inverter a ordem dos fatores e adotar o mesmo caminho já trilhado no passado, através do estímulo à demanda para, com isso, tentar restaurar a confiança dos agentes econômicos, buscar o crescimento das receitas fiscais e, consequentemente, obter o ajuste das contas públicas, seria um desastre, pois, de um lado, teríamos um risco inflacionário e, de outro, o descontrole ainda maior das contas públicas”, esclarece. Ainda segundo Loyola, sem fazer reformas no controle das despesas, existe um limite para o corte de gastos necessários para a recuperação da economia. “Diante disso, não há muitas alternativas para o governo senão tentar aumentar as receitas. Só que isso fica muito difícil com a economia desaquecida, em que um aumento de impostos acabaria penalizando ainda mais a sociedade”, complementa.

Embora o cenário se mostre bastante negativo, Loyola consegue enxergar perspectivas de bom desempenho em alguns setores. “Há oportunidades que podem ser aproveitadas por empresas exportadoras, que produzem produtos para exportação e poderão vender ao mercado interno, substituindo as importações, já que o câmbio aquecido, de alguma forma, apresenta um diferencial mais favorável para as indústrias nacionais. Em 2016, boa sorte, Brasil!”  




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