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Água no Umbigo
Sinal de Perigo
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
09/01/2011 | 07:00
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Qual é a melhor alternativa para espantar o calor no verão? Entrar na água, claro! Brincar no mar, represa ou piscina sempre combina com férias, porém é preciso ter muito cuidado com essa diversão. O perigo mais comum nesses locais é o afogamento.

Estudo da ONG Criança Segura mostra que essa é uma das principais causas de morte acidental antes dos 15 anos, ao lado de acidentes de trânsito. Por isso, nada de abusar. O ideal é seguir a recomendação dos bombeiros: água só até a altura do umbigo.

Letícia de Albuquerque, 10 anos, de Santo André, sabe disso e nunca passou por apuros, mas ficou assustada quando viu uma menina pequena quase se afogar e ser socorrida pelo guarda-vidas. "Deu medo."

Para não passar pela mesma situação, João Victor Basso, 11, segue as recomendações de não ficar sem a companhia de um adulto e não ir para o fundo. "O mar é mais perigoso do que a piscina porque puxa a gente para dentro dele. Quando se percebe, já está longe."

Às vezes, o local esconde armadilhas. Algumas praias e represas, por exemplo, têm piso irregular e, a qualquer passo, pode-se afundar rapidamente. "Uma vez, no mar, a água estava baixinha, mas pisei num buraco e ela cobriu meu peito. Levei um susto", conta Lívia Fernandes, 8, de Santo André.

PERIGO - O afogamento ocorre quando entra grande quantidade de água pela boca e nariz e invade o aparelho respiratório. Com isso, o pulmão não consegue mais se encher de ar e pegar o oxigênio necessário; daí, pode ocorrer parada respiratória. De um a cinco minutos depois, o coração também pode parar de bater e a pessoa pode morrer. Mesmo nos casos em que a vítima é socorrida rapidamente, pode-se sentir muito mal, vomitar, tremer e ter fortes dores.

 

Saber nadar não é suficiente

Aprender a nadar - sempre em uma escola e com o auxílio de profissionais - é importante para qualquer um. No momento da emergência, a habilidade pode ajudar. "Se acontecer algo, temos mais chances de nos salvar", afirma Luiza Matavelli, 11. Ela e a irmã Gabriela, 7, fazem aulas no Primeiro de Maio Futebol Clube, em Santo André.

No entanto, mesmo quem é fera na água não está completamente livre do risco de afogamento. Às vezes, nem mesmo os melhores escapam de forte correnteza ou de ter cãibra, que impede os movimentos. Aliás, muita gente já morreu por achar que era bom nadador.

As irmãs sabem do perigo, por isso, tomam cuidado: nunca abusam nem ficam na piscina sem supervisão de um adulto. "Minha mãe fala para sempre ficarmos em um lugar que ela consiga nos ver", fala Gabi.

BRINCADEIRA? - Também é perigoso brincar de correr em volta da piscina. Em geral, o piso é liso e fica fácil escorregar, cair e se machucar. Além disso, jamais pule sobre quem está na água nem pense em puxá-lo ou segurá-lo no fundo. A brincadeira pode acabar com alguém ferido. "Há lugar certo pra brincar", diz Gabriela. "Pode afogar de verdade", completa Henrique Rebechi, 8.

Lívia Fernandes lembra a sensação ruim que teve após uma colega saltar na piscina e cair sobre ela. "Afundei e fiquei sem ar. Tive de me esforçar para conseguir subir."

 

Mal-estar não é lorota

Certa vez, Sabrina Thieghi, 10 anos, passou por apuros. Tinha acabado de almoçar quando correu e pulou na água. "Começou a me dar uma forte dor na barriga. Não conseguia mais nadar. Gritei e a mãe da minha amiga me tirou de lá."

Deve-se evitar nadar após as refeições. O problema não é a água - que na verdade não faz mal algum -, mas o esforço físico feito. Afinal, quem fica sem brincar na água? Abusar da atividade física, incluindo nadar, após comer pode provocar mal-estar. É que o sangue é direcionado para a digestão, e a gente pode se sentir mal ou ter dores e aí pode até se afogar. O melhor é esperar duas horas antes de mexer o esqueleto.

 

Até peixe morre afogado

Sabia que até peixe pode morrer afogado? Isso não ocorre com a maioria, mas há espécies, como a piramboia, que retiram oxigênio do ar. São chamados peixes pulmonados porque têm um órgão especial semelhante ao pulmão. Por isso, se não subirem à superfície para respirar não sobrevivem.

Os mamíferos aquáticos, como baleias, golfinhos e focas podem permanecer muito tempo debaixo da água. No entanto, também precisam buscar ar na superfície. Podem morrer se ficarem presos nas redes de pescadores. Aprendem isso quando nascem. A mamãe lontra, por exemplo, pega os filhotes com a boca e os leva para o rio para ensiná-los a nadar.

Mamíferos terrestres também aprendem cedo a nadar, como os ursos-pardos, que adoram caçar salmão. A fêmea mostra para os bebês os lugares certos para realizar a tarefa, evitando áreas mais profundas.

TEM MAIS - Os bichos aquáticos possuem adaptações para isso. Patos, marrecos, ariranhas, entre outros, têm pele entre os dedos que facilita os movimentos na água. O castor e a lontra têm cauda achatada que ajuda a controlar a direção para nadar.

O jacaré conta com membrana transparente nos olhos, que funciona como óculos de natação, para que enxergue no fundo da água. A sucuri tem narina alta e olhos no topo da cabeça para respirar e enxergar enquanto passeia pelo rio.

 

 Confira as dicas para não se dar mal

- Nunca entre no mar, piscina ou represa sem ter um adulto por perto. Diante de qualquer dificuldade, peça ajuda. Mas nada de fingir que precisa de socorro. Quem faz isso corre o risco de não receber auxílio quando ocorrer afogamento real.

- Na praia e represa, esteja sempre atento às placas que indicam os locais mais perigosos, com risco de afogamento, e respeite-os. Pergunte ao guarda-vidas do lugar quais áreas são seguras para entrar na água. Na piscina, verifique a profundidade antes.

- Não nade no mar ou represa à noite. Em geral, é difícil conseguir socorro nesse horário, pois não há guarda-vidas trabalhando no período noturno.

- Fique longe de pedras e costões; em geral, são locais perigosos dos quais você pode cair. Não fique na água durante a chuva e proteja-se dos raios.

- Os menorzinhos devem usar coletes salva-vidas na represa e piscina. Não dá para confiar só na boia, que pode estourar ou arrastá-los para o fundo.

- Em situação de risco, procure ficar calmo, tente boiar e grite por socorro. Se perceber que alguém está correndo perigo, chame rapidamente o guarda-vidas.

- Não entre bruscamente na água após ficar muito tempo exposto ao sol. Há risco de choque térmico e desmaio.




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