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Rachas voltam à avenida dos Estados
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
26/10/2003 | 18:15
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Depois de um ano de interrupção, os rachas na avenida dos Estados, em Santo André, voltaram no mês passado. Carros preparados a velocidade bastante superior aos 70 km/h definidos para o local e centenas de jovens e adolescentes posicionados na beira da via compõem o cenário no local. Na última sexta-feira, a PM (Polícia Militar) apareceu, mas a ação só serviu para esfriar a competição – com os policiais na área, os carros apenas pararam de correr, para voltar mais tarde. A pista de corrida é composta de um trecho entre a avenida André Ramalho e um radar posicionado próximo à rua Itaipava, no Parque Jaçatuba.

De acordo com freqüentadores, platéia dos rachas, a movimentação acontece apenas às sextas-feiras, e começa entre 22h30 e 23h, quando sobretudo moradores do bairro e da favela Capuava se perfilam em dois postos de combustível para assistir ao movimento. Os rachas atraem também moradores de outros bairros e cidades.

Para passar o tempo, os espectadores tomam latas de cerveja e de vinho tinto gelado, compradas nas lojas de conveniência dos postos que ficam na esquina da André Ramalho com a avenida dos Estados. O movimento às sextas-feiras, segundo o proprietário de um dos postos, é “incomparável” em relação a outros dias da semana. De acordo com um estudante que preferiu não se identificar, os rachas – que haviam sido interrompidos depois de ações conjuntas da PM e da Guarda Municipal em agosto do ano passado – voltaram a acontecer há pouco mais de um mês.

“Voltou no começo do mês passado, sempre às sextas-feiras. A polícia sempre aparece, fica durante um tempo e o pessoal pára, mas depois continua a correr”, disse. A situação se repetiu na última sexta-feira, quando uma das bases comunitárias móveis da 1ª Companhia do 10º Batalhão da PM esteve no local por cerca de 30 minutos, por volta de meia-noite, para ir embora, sem abordar nenhum rachador ou espectador dos pegas.

Tirar racha é infração gravíssima, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, e quem é surpreendido apostando corrida paga o valor da multa (180 Ufirs) multiplicada por três, além de ter o carro apreendido.

De acordo com um dos policiais, não havia efetivo na sexta-feira – eram apenas três homens – para abordar a grande quantidade de jovens que se divertiam no lugar, muito menos condições de perseguir e parar os carros envenenados que apostavam corrida. “Não tem como seguir um carro desses com essa viatura”, disse. A base comunitária móvel é um furgão e não desenvolve velocidade suficiente com segurança para perseguir os carros.

Quando a polícia chegou, houve apenas uma pequena dispersão da platéia. Pouco depois, a competição voltava a acontecer. Segundo um universitário dono de um Fiat Palio que “de vez em quando” põe seu carro na pista, moradores da favela Capuava costumam se dar melhor nos rachas. “Normalmente, os carros deles estão com a documentação zoada, então eles colam na traseira da gente quando está chegando perto do radar e tem que sair da frente”, disse. “Com isso, passam no radar a toda velocidade, enquanto a gente é obrigado a diminuir”, afirmou.




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