Setecidades Titulo Segurança
Operação Verão na
região começa dia 26

Pela primeira vez, a represa Billings receberá contigente
de bombeiros e PMs para ajudar na prevenção de acidentes

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
19/12/2011 | 07:00
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Pela primeira vez, a represa Billings, no Grande ABC, receberá contigente de bombeiros e policiais militares para ajudar na prevenção de acidentes e outros incidentes. A Operação Verão, tradicional no Litoral do Estado, contará com 130 homens, 80 de batalhões locais e 50 emprestados da Grande São Paulo, para trabalhar na região do reservatório.

Segundo o coronel Roberval França, responsável pela Polícia Militar no Grande ABC, os trabalhos começarão no dia 26 e seguirão até 31 de janeiro. O policiamento se fará presente pelo patrulhamento preventivo, além da presença de salva-vidas e apoio de barcos, botes, bóias e até helicópteros da corporação.

"A ideia é proporcionar proteção às pessoas que buscam se divertir", disse França. Todo o esforço, entretanto, estará concentrado nos únicos dois pontos onde os bombeiros recomendam o banho aos veranistas: Estoril e Prainha, ambos em São Bernardo. "A represa tem muitos lugares isolados, com grande presença de mata. As pessoas devem evitá-los", alertou.

A Polícia Militar diz que fará vistorias em outros pontos, como na região do bairro Baraldi (leia abaixo). "Mas as pessoas devem ir onde estamos presentes. Os outros locais são perigosos", recomendou o comandante. Somente assim, espera, o número de afogamentos diminua. No último verão, 37 pessoas morreram afogadas. Isso porque, alguns pontos cegos da represa possuem até 30 metros de profundidade. "Água na altura da cintura é perigo na certa", destacou. Apenas a faixa da margem é demarcada como rasa.

Também existem outros problemas em pontos isolados da represa Billings, como a qualidade da água e restos da construção do Rodoanel no fundo.

‘POINT' DO VERÃO

Cerca de 15 mil pessoas passaram pela região da Billings no Grande ABC nos fins de semana do verão 2010/11. A expectativa é de aumento médio de 5.000 frequentadores neste ano. Para quem vem de fora da região ou não conhece o local, a recomendação é que o passeio seja feito sempre à luz do dia, acompanhado.

A polícia confirma que é grande o número de roubos e furtos de pedestres e carros na região. Outra preocupação das autoridades são as constantes brigas entre veranistas. O motivo, segundo o coronel, é simples: o consumo exagerado de álcool. "As pessoas precisam entender que esse hábito traz risco muito grande."

Sem ter como controlar a venda de bebidas, polícia e bombeiros esperam resposta da Prefeitura de São Bernardo sobre a regulamentação do comércio. Assim como ocorre no Litoral, foi pedido que seja proibida a venda em embalagens de vidro e que só se use copos plásticos. 
França afirmou que cada um deve ter a consciência de seus limites. "Pedimos ajuda aos parentes e amigos para que, ao perceber que o cidadão passou dos limites, o impeçam de nadar."

Prainha vira opção barata e viável em relação ao Litoral

Por ser mais próxima, barata e acessível que o Litoral, a Prainha, em São Bernardo, é a opção mais procurada pelo banhistas do Grande ABC. Às margens da Rodovia Anchieta, é gratuita, diferentemente do Estoril.

"Venho aqui justamente pela segurança. Nunca tive problemas e se chega mais rápido que no Litoral", disse o pintor Giseângelo Plácido, 56 anos. Morador de Diadema, a propaganda que faz da Prainha cativa a vizinhança, que lota a sua picape pelo menos duas vezes por semana no verão para visitar o local. "Quem não vem já fica me cobrando."

A Polícia Militar alerta que há registros consideráveis de roubo e furtos no Riacho Grande durante o verão. A operação busca justamente inibir esse tipo de ação. Mas o inimigo é mesmo a bebida alcoólica e suas consequências. "Comecei a vir aqui de dia de semana por isso. Você vê um pessoal muito estranho. E de domingo tinha muita briga, seja por causa de mulher ou outra coisa. Não era mais curtição", disse Márcio Costa, 35, de Santo André.

Apesar dos problemas, o clima festivo e a boa fama da Prainha prevalecem. Os restaurantes flutuantes, os jet skis e os passeios de barco atraem turistas de todo o Estado, mas principalmente da Grande São Paulo.

"Um amigo meu conhecia e cansou de me recomendar. Sempre preferi a praia e nunca tinha ido nadar em represa. Adorei e agora vou virar frequentador", disse o vendedor Afonso Ferreira, 35, morador de Perus, bairro da Capital. Apesar de fazer planos para retornar e mostrar o local para mais gente, ele reconhece que não se sentiu seguro na água. "Fiquei no rasinho mesmo. Dá um medo, sabe? O ambiente é bom pra comer e beber, mas nadar vou ter que esperar mais."

Áreas não recomendadas têm risco de vida

Os locais não recomendados pelos Bombeiros e Polícia Militar para banho serão vigiados de perto durante o verão, apesar da operação concentrar esforços na Prainha e Estoril. Um desses locais será o bairro Baraldi, também em São Bernardo.

Não é para menos. Exatamente embaixo da ponte do Rodoanel há inúmeras armadilhas para quem quer arriscar um banho. "Aqui morre umas duas pessoas por fim de semana. Ou se afogam ou saem machucados", disse Iraci Santos, 54 anos, há 22 deles dona de um bar no local.

No bairro não há margem rasa determinada. Para piorar, a construção do Rodoanel deixou restos de entulho e ferro no fundo. "Já vi diversos meninos com pedaço de ferro enfiado na perna, no pé, nos braços", disse Iraci. Além disso, é área de saída do esgoto da região e a água pode causar micose e outros problemas para a pele.

O local também não é recomendável para visitantes não acostumados. De difícil acesso, concentra roubos e furtos, segundo a polícia. É normal ver menores pilotando motos sem capacete, o funk é a trilha sonora ambiente. De noite, relatos de relações sexuais e uso de drogas. Mesmo assim, é o local preferido de alguns.
"Eu já vi um cara se afogar, mas como é mais rápido vir aqui e em um ano nunca me aconteceu nada, acho mais legal", disse o manobrista Wanderlan de Almeida, 36, dando mergulhos com o filho, Augusto, 2. "Nem ele tem medo."

A estudante B.M., 12, conheceu o local por meio de excurções realizadas em São Mateus, bairro onde mora na Capital. "Desde então sempre quis voltar", disse. Convenceu o namorado, 14 anos mais velho, e convidou um tio, um amigo de 29 e a amiga de 13. "Não vejo perigo aqui", brincou, enquanto bebia cerveja e dançava funk.




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