Certos atores ficam tão marcados pelos trabalhos que são até chamados pelos nomes dos personagens por anos. Com Márcio Kieling foi assim. No ar em Amor e Intrigas, da Record, como o bom-moço Kiko, o ator convence com seu personagem, mas ainda é reconhecido por seus antigos papéis como o Perereca, de Malhação, e Zezé, do filme Dois Filhos de Francisco.

Em sua segunda novela pela emissora, Márcio foi do vilão ao mocinho e se firmou como um bom profissional de sua geração. Mas foi após Dois Filhos de Francisco que veio o reconhecimento. "Consegui o respeito da classe artística", diz.

Na pele de Kiko, ele contracena ao lado de Denise Del Vechio e Heitor Martinez, fazendo um tipo do bem. "O vilão é sempre mais dotado de nuances. Não é só fazer cara de bravo e mandar o texto. Para o público e para o ator é mais interessante. O lado legal de fazer o bonzinho é que as pessoas na rua te param mais".

Com sete novelas no currículo, o ator começou na Globo e já passou por SBT, e está desde 2006 na Record. "O diretor Edson Spinello me ensinou a chegar onde eu estou, dando boas dicas para minha formação", conta.

Tantas mudanças em pouco tempo fizeram com que Márcio se adaptasse a novos ambientes e a modos de trabalho, o que, segundo ele, o fez enriquecer profissionalmente. "Minha profissão é feita de contatos e tenho boas recordações e bons amigos. Eu quero é mostrar meu trabalho", defende.

Mas foi por pouco que Márcio Kieling não seguiu carreira no futebol profissional gaúcho. Durante 13 anos, o ator jogou nas divisões de base das equipes do Internacional e Grêmio, antes de largar tudo e seguir na carreira de modelo.

Foi por influência da irmã que aos 15 anos Márcio começou a carreira de modelo. Começou a fazer testes para comerciais de TV e resolveu estudar teatro, em Porto Alegre, sua cidade natal, de onde surgiu a primeira oportunidade para integrar o elenco de apoio da novela Malhação, em 1997. "Tem muita gente talentosa lá e o meu caso foi esse", gaba-se posando no jardim do Planetário do Rio de Janeiro.

Com as gravações de Amor e Intrigas chegando ao fim, Márcio elogia seu personagem e diz que teve uma certa facilidade para compor Kiko por se assemelhar com ele, já que na história, o rapaz chega de outro Estado para ganhar a vida no Rio de Janeiro, assim como aconteceu com o ator. "Acho que estou convencendo como bonzinho", completa.

Kieling é definitivamente um ator de tevê. O intérprete de Kiko, no entanto, leva consigo uma outra paixão: o cinema. Em 2000, Márcio estreou nas telonas participando do filme Tolerância, do diretor Carlos Gerbase, mas foi em Dois Filhos de Francisco, em 2005, que Kieling chamou a atenção dos críticos, ainda mais depois que o filme entrou para a lista das produções brasileiras mais vistas nos últimos 25 anos.

Márcio conta que foi por causa de sua ex-namorada Bárbara Borges que soube do teste para o personagem, e que jamais passou por sua cabeça ser parecido com Zezé di Camargo. "Tudo conspirou para eu fazer esse filme e acho que minha carreira se divide entre antes e depois desse trabalho."

Depois da onda sertaneja, veio o convite para Gatão de Meia-Idade, filme baseado no personagem de quadrinhos do cartunista Miguel Paiva, em 2006, no qual participou como o Gatão ainda jovem.

Dois anos depois, o ator está prestes a voltar para as telonas numa nova produção, só que mais dramática. Vingança tem estréia prevista para junho e promete chamar a atenção. O filme se passa no Rio Grande do Sul e conta com suspense a história de Camila, personagem de Bárbara Borges, que é estuprada por Bruno, personagem de Márcio, e que quer se vingar. "Considero o cinema como um prazer e não um trabalho. No meio do ano vou começar a gravar outro longa, mas ainda não posso falar nada", dramatiza.