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Fora da zona de conforto
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
01/05/2011 | 07:00
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Durante longo período, a atriz Gabriela Duarte lidou com uma cobrança interna muito grande que, de certa forma, a imobilizava. Ela se sentia responsável por levar adiante uma história que já havia sido estabelecida.
 
Filha da ‘namoradinha do Brasil', a atriz Regina Duarte, Gabriela acreditava que o público cobraria uma espécie de continuação. "Tenho mãe popular, talvez seja a atriz brasileira mais popular". Comparações são consideradas injustas, afinal há um abismo de experiência entre as duas.
 
Bastou enxergar que cada uma segue, de fato, um caminho, para tudo melhorar. "Lidar com a crítica é um aprendizado. Tento colocá-la no lugar devido. Já cresci muito com as porradas. São duas opções: afunda e chora ou se levanta e segue em frente", diz a atriz, que soma 20 anos de carreira.

Talento provado há tempos, Gabriela recentemente mostrou que tem capacidade de se reinventar, fugir de um modelo predeterminado. "Durante muito tempo, fiz coisas que tinham energia parecida. Passei por uma mudança interna". A ‘professorinha de rede pública' Miriam, da novela "Sete Pecados", foi o limite.

Em "Passione" (2010), substituída por "Insensato Coração", na Rede Globo, a atriz fez sucesso na pele da engraçada Jéssica, que tinha fases despudoradas e vestia roupas provocantes. "Por vezes, eu me sentia desconfortável. Para não cair na vulgaridade, sempre busquei o lado lúdico", afirma.
 
Foi um trabalho intenso, no qual redescobriu a verdadeira Gabriela Duarte. "Parecia que estava me vendo pela primeira vez", confessa a atriz, que sentiu necessidade de exercer a profissão de forma ampla.
 
Só havia feito personagens de perfis semelhantes até então porque tinha dificuldade para se colocar. Enquanto os outros atores começavam ‘corrida' em busca dos papéis assim que sabiam da produção de uma novela, Gabriela fazia diferente. "Não achava necessário o relacionamento com diretor e autor. Pensava assim: ‘Sou contratada da emissora, é natural que me procurem'", afirma. "Eles procuram, mas para o que lhes interessa, não para o que me interessa."
 
Quando Gabriela se deu conta, começou a fazer lobby. "Se eu não falar o que eu quero, as pessoas não têm como saber. Muitos acreditavam que eu estava feliz. Muitos achavam que eu não queria sair da zona de conforto".
 
Para ela, é engraçado que a mudança tenha acontecido justamente na televisão. Pensava mesmo que fosse fazer a passagem no teatro ou quem sabe, por sorte, no cinema. "Precisei quebrar o padrão do medo para encarar o que não conhecia. Só quis me jogar, sem ter receio do ridículo", declara.
 
Depois que o folhetim saiu do ar, restou um vazio. "Passei dias e dias sentindo falta das pessoas. Precisei de um tempo para descansar". Desde então, já se passaram três meses, e Gabriela somente dá pistas sobre o próximo trabalho. "Depois de estudar alguns textos, encontrei uma peça de teatro".
 
Em diferentes momentos da entrevista, Gabriela Duarte revelou dois desejos. Primeiro: "Queria fazer personagem que tivesse duas fases: a jovem e a madura". Mais tarde, a atriz compartilha que gostaria de interpretar uma vilã, apesar de mostrar um rostinho de anjo. "Na vida real, os verdadeiros vilões têm capacidade de dissimular o que são. Eles são os chamados psicopatas", compara.




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