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Zezé Polessa faz esforço para parecer do mal
Por Alexandre Coelho
Da TV Press
22/09/2005 | 08:47
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Interpretar um vilão, daqueles sem limites para suas maldades, é desejo comum a muitos atores. Para Zezé Polessa, acostumada a tipos que fazem o estilo gente boa – a Naná de Top Model ou a Amapola de Porto dos Milagres – não é diferente. Mas para viver a Ester, vilã maior de A Lua Me Disse, a atriz precisou se livrar dessa aura de pessoa legal, herança dos muitos personagens que interpretou. A associação com papéis mais leves é tamanha que Zezé só começou a perceber uma mudança nas reações do público no decorrer da novela: "No início as pessoas falavam assim: ‘Como você está bem!’. E eu: ‘Mas eu estou má!’"

Apesar de já ter feito uma vilã, a rústica Firma, na minissérie Memorial de Maria Moura, em 1994, com a Ester foi a primeira vez que a atriz interpretou uma personagem que destila veneno. Para a atriz, da camponesa grosseira Firma para a sóbria e sisuda Ester existe uma enorme diferença. "A Firma era caipira e tinha alguma coisa de ridícula, tinha bigode. A Ester, não. A Ester tem uma coisa meio nazista", compara.

PERGUNTA: A novela e a personagem tiveram o retorno que você esperava?
ZEZÉ POLESSA: Eu tinha muita dúvida, porque é uma vilã dramática dentro de uma comédia. Aí eu fui vendo o tom. A coisa de fazer um personagem tão desenhado foi porque eu acho que os personagens da comédia são muito marcados. Aí eu marquei na figura, mas com medo de fazer uma coisa mexicana, por que também não era isso. Eu queria fazer um personagem marcado, mas humano. E fiquei bastante satisfeita com o resultado, acho que funcionou bem dentro da história.

PERGUNTA: É diferente fazer uma vilã em uma trama mais leve, como A Lua Me Disse, e uma história dramática, como Memorial de Maria Moura?
ZEZÉ POLESSA: Sim. Maria Moura era uma obra fechada, a gente sabia onde ia dar. É diferente quando você tem de fazer uma coisa em aberto. A Ester tem uma coisa impenetrável, um certo mistério. Eu não sabia o que iria acontecer. Isso acabou sendo bom, porque depois apareceu toda uma história do passado negro dela. Isso tudo foi legal, mas foi meio no escuro.

PERGUNTA: Dá para perdoar a Ester?
ZEZÉ POLESSA: Eu pensei que ela fosse enlouquecer. Mas serão revelados alguns assassinatos envolvendo ela. Mesmo que ela não faça, ela é cúmplice, manda matar. Por essas coisas, acho exemplar que ela desapareça. Se ela ficar louca pode continuar aprontando, ou fugir do hospício. Até quero que ela sofra um pouquinho antes. Porque morrer não é um castigo, todo mundo vai morrer. É diferente de ela ficar lá sofrendo, ficar pobre lavando chão, por exemplo. Isso seria um sofrimento. Mas a morte extermina o mal.

PERGUNTA: Como foi fazer uma vilã séria justamente em uma comédia?
ZEZÉ POLESSA: Não tinha como ela ter algo de humor. Só se ela enlouquecesse. Mas ela é tão absurdamente antipática e raivosa que às vezes pode até ser engraçada. Houve uma cena em que a empregada perguntava: ‘Mas a senhora vai sair? A Branca vem aqui para ver aquele negócio’. E a Ester respondia: ‘Mas não vai ver’. E a outra dizia: ‘E a senhora quer que eu avise?’. E a Ester: ‘Não, deixe ela perder a viagem’. E ainda deu uma gargalhada.

PERGUNTA: Você acha que pode ficar marcada para o público como a Ester, como a Odete Roitman da atriz Beatriz Segall?
ZEZÉ POLESSA: Não. Não acho que o ator fique marcado. Depende? Acho que é bom dar um tempo, escolher um papel legal depois. Por exemplo, não acho que a Renata Sorrah ficará marcada como a Nazaré. Somos atrizes. Eu gosto muito dessa coisa. Quando me perguntam qual o meu papel preferido eu falo que é o novo. Um papel novo. Isso renova, tanto para a gente quanto para o público.




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