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‘Os picolés de chuchu'

Depois do último debate entre Collor e Lula, em 1989, a Rede Globo levou ao ar um resumo do duelo

Por Carlos Brickmann
03/10/2010 | 00:00
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Depois do último debate entre Collor e Lula, em 1989, a Rede Globo levou ao ar um resumo do duelo. As opiniões se dividiram: alguns acharam que Lula tinha ganho, mas a Globo, na edição, privilegiou Collor de tal maneira que lhe deu a vitória; outros acharam que Collor venceu, mas que a Globo salientou tanto seu desempenho que a vitória pareceu muito maior. Houve até quem achasse que Collor ganhou mesmo e que a edição do debate apenas refletiu o resultado.

Já no último debate destas eleições, não se sabe quem perdeu (sabe-se quem ganhou: quem pegou no sono). E não há milagre possível de edição: daquele mato não saiu coelho. Último debate, caro leitor; a última chance de ganhar no primeiro turno, para Dilma, a última chance de forçar o segundo turno, para Serra, a última chance de não só levar a eleição para o segundo turno como colocar-se nele, para Marina. E todos jogaram na defensiva, preocupados em não levar gol.

O nome "Erenice" não foi citado. Discutiu-se saneamento básico: Plínio, aquele que resolveria todos os problemas auditando a dívida externa, garantiu que sanear o País inteiro custaria R$ 35 bilhões. Dilma disse que o governo gasta por ano R$ 40 bilhões - ou seja, mais do que o necessário para a obra toda (e, se ele estivesse falando em dólar, em dois anos o governo teria investido mais do que isso). Serra e Marina talvez nem tenham notado o que os adversários discutiam. Corrupção? Dólar na cueca? Não: eles olhavam pela janela e viam lagos e montanhas cobertas de neve. Sentiam-se pioneiros, os primeiros chuchus da Suíça.

O RISCO DA RETRANCA

Quando um candidato participa de um debate preocupado em não levar bola nas costas, acaba levando. E mais do que uma.

O SERESTEIRO

O que valeu, no último dia de propaganda política na TV, foi o horário gratuito de Serra. Pois não é que o trovador saiu cantando, de Paulo Barbosa e Oswald Santiago, a marchinha Lig-lig-lé? Bem que, em 1937, o grande Almirante não quis gravá-la. Deve ter imaginado o que poderia acontecer 73 anos depois, quando sua interpretação seria comparada com o charme, o ritmo e o veneno de Serra.

SEM FANTASIA

Alexandre Herchcovitch, o estilista convocado pela campanha para cuidar da roupa de Dilma, desistiu rapidinho. Herchcovitch deu aquela explicação meia-boca, de que seus compromissos internacionais atrapalhavam a consultoria (embora, alguns dias atrás, tudo fosse compatível), mas saiu se defendendo: "Em nenhum momento foram usadas criações ou sugestões de Alexandre Herchcovitch (...) As roupas usadas pela candidata durante a campanha não são da marca Herchcovitch, assim como não foram escolhidas por mim".

ALTO NÍVEL

O candidato Tiririca, do PR, que nas pesquisas de intenção de voto aparece como o deputado federal mais votado de São Paulo, está na mira do Ministério Público, que suspeita de sua capacidade de ler e escrever. O pagodeiro Netinho, do PCdoB, que nos levantamentos surge como líder dos pleiteantes paulistas ao Senado, agrediu a ex-mulher, agrediu jornalistas, agrediu uma aeromoça. Uma frase do tuiteiro Ulisses Mattos define bem a situação: "Escreveu, não leu, o pau comeu".

ENTÃO, TÁ

Aécio Neves parece que decidiu, finalmente, entrar na campanha de seu companheiro de partido José Serra - isso, claro, se ele for para o segundo turno. Não que resolva alguma coisa, mas apara arestas com o PSDB paulista para o futuro.

YO CREO EN BRUJAS

O leitor Deco Ribeiro, integrante do Comitê Central do PCdoB em Campinas diz que, ao contrário do que informamos, há eleições para presidente de Cuba, "amplas, diretas e democráticas". Informa: "O presidente de Cuba, Raúl Castro, foi eleito em 24 de fevereiro de 2008 pela assembleia de delegados eleitos pelo povo nas eleições de janeiro do mesmo ano". Na verdade, funciona como no Brasil, no regime militar. Os delegados sabem em quem votar.




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