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Terapeuta fala sobre a necessidade de viver o luto
Maíra Sanches / Do Diário do Grande ABC
01/11/2010 | 07:01
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Lidar com a morte não é tarefa fácil para ninguém. Nem adultos nem crianças. O enfrentamento da perda repentina de entes queridos pode representar o enclausuramento mental e social de famílias que buscam tratamento e vivem enlutadas anos a fio. Porém, diferentemente do que a maioria pensa, o luto deve ser vivido. A dor não pode ser negada, pois falar sobre a perda é fundamental. Atualmente, 25 casos são atendidos no Laboratório de Estudos e Intervenções Sobre o Luto da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), criado em 1996 e coordenado até hoje pela psicóloga e professora Maria Helena Franco. Pelo menos 60% dos casos atendidos no laboratório atualmente correspondem às famílias que sofreram com a morte violenta de algum parente, seguidas por falecimentos decorrentes de doenças prolongadas e sofridas, como o câncer.

A necessidade de viver e entender a perda integra um processo necessário da psicoterapia de luto. Para a especialista, lidar com a ausência da pessoa pode render novas descobertas. "É natural que a pessoa reorganize a vida e a maneira de viver. Durante a experiência ela revê seus sentimentos e entende sua identidade de outra maneira."

O atendimento geralmente engloba toda a família e visa a recuperação de laços afetivos, a retomada do trabalho e a reconstrução de relações sociais. No caso das mortes causadas por violência urbana, a impunidade e indefinição dos casos são considerados fatores agravantes do quadro emocional da família. A busca incessante por justiça torna-se um entrave para lidar com o rompimento de forma mais saudável. Sendo criança, jovem ou adulto, a forma de cada pessoa encarar a perda pode ser explicada pelo grau de relação construído em vida.

"As pessoas não amam igualmente. Tem gente que ama de forma mais contida, outras demonstram o sentimento de forma mais evidente. O luto reflete como foi este vínculo."

 




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