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Estudo: genes controlam tempo de vida dos mamíferos
Do Diário do Grande ABC
18/11/1999 | 13:13
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Uma equipe de pesquisadores italianos descobriu que a supressao de um gene específico nos ratos ocasiona um aumento de 35% da duraçao de sua vida, sem que aparentemente os animais desenvolvam algum tipo de deformaçao.

Os resultados desta pesquisa, publicados esta quinta-feira pela revista científica Nature, mostram, pela primeira vez, que nos mamíferos a duraçao da vida é controlada geneticamente. ``Há pelo menos dez anos sabemos que, em certas espécies animais, por exemplo as moscas, a duraçao da vida é controlada por alguns genes, cuja eliminaçao provoca o prolongamento da vida', explicou esta quarta-feira, ante a imprensa, em Milao, o diretor do Departamento de Oncologia Experimental do Instituto Europeu de Oncologia, Pier Giuseppe Pelicci.

``Mas, até o momento, ninguém demonstrou que isto é válido também para os mamíferos', acrescentou Pelicci, que dirigiu os trabalhos publicados pela Nature.

Mas esta descoberta levanta mais questoes do que resolve, enfatizou o biólogo. Os ratos com o código genético modificado pela equipe de Pelicci parecem ser ``perfeitamente saos' em condiçoes de laboratório e com uma ``duraçao de vida prolongada'.

A operaçao consistiu na supressao do gene que controla a proteína p66shc, que gerencia overna a resposta celular ao ``estresse oxidante'. Este mecanismo, que responde a fatores exteriores como os raios ultravioletas ou ao funcionamento interno das células, provoca na célula danos que aumentam com o processo do envelhecimento.

Os ratos privados da proteína p66shc manifestaram maior resistência ao ``estresse oxidante' e sua vida foi prolongada. ``Estes resultados estabelecem uma relaçao entre o estresse oxidante e o envelhecimento e sugerem que os genes que regulam a resposta celular a esse estresse determinam também a duraçao da vida dos mamíferos', explicou Pelicci.

``O impacto de nossa descoberta permite elaborar hipóteses para o homem', explicou o cientista. O mesmo gene foi identificado no homem e nada indica que seu funcionamento seja diferente no ser humano.

``É possível imaginar um inibidor enzimático específico que possa ter sobre a célula o mesmo efeito que a eliminaçao do gene', prosseguiu.

``A inibiçao do gene que controla a proteína p66shc mediante um medicamento específico permitirá manter durante mais tempo a integridade celular', acrescentou. Empresas farmacêuticas já manifestaram interesse a respeito.

Resta compreender o mistério da presença desse gene. Por que a evoluçao da espécie selecionou um gene que aparentemente prejudica o indivíduo?', questionou um dos membros da equipe científica italiana.




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