Setecidades Titulo Saúde da mulher
Na região, 63,38% dos partos são por cesárea

Dados da Fundação Seade mostram que índice está muito acima do recomendado pela OMS, de 15%

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
18/11/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Dados da Fundação Seade (Fundação Sistema Estadual de Análises de Dados) divulgados neste mês e referentes ao ano de 2015 mostram que 63,38% dos 36,6 mil nascimentos – nas redes pública e privada – do Grande ABC foram por meio de cesárea. Na comparação com 2005, houve aumento de 5% no número de cirurgias: passou de 22,1 mil para 23,2 mil. Naquele ano, o procedimento foi usado em 58,09% dos partos da região.

No País, a taxa média de cesáreas foi de 55,5% em 2015. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que apenas 15% dos procedimentos ocorram com intervenção cirúrgica. Isso porque, quando não indicada corretamente, a cesárea envolve riscos, como aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e de morte materna e infantil.

Entre as sete cidades, São Caetano registrou o maior índice (73% dos partos foram cesáreas). A cidade foi seguida por Ribeirão Pires (72%), Mauá (67,62%), Santo André (64,79%), São Bernardo (62,26%), Rio Grande da Serra (61,71%) e Diadema (54,62%). No Estado, o percentual foi de 59,4%.

Apesar da elevação registrada em uma década, especialistas ressaltam que as instituições de Saúde, principalmente do SUS (Sistema Único de Saúde), vêm trabalhando para reduzir o índice e acreditam na diminuição. “Os hospitais públicos do Grande ABC têm brigado por taxas de cesáreas mais baixas, de 35% a 40%. (A rede pública) Têm criado estrutura para aumentar os partos vaginais, como centros de parto normais, conscientização de seus plantonistas, coisa que poucos hospitais privados fazem, pois muitos médicos são pessoais das pacientes e o parto, às vezes, é combinado para cesárea”, fala o professor de Obstetrícia da Faculdade de Medicina do ABC, Mauro Sancovski. 

A recepcionista Tatiane Cardoso Sararoli de Andrade, 25 anos, de Ribeirão Pires, optou por ter o primeiro filho por parto cesárea. “Tive a comodidade de sair do consultório já sabendo o dia que iria fazer. Da segunda (gestação) já foi emergencial e, agora, da terceira, não tenho escolha, porque é iteratividade uterina (quando a mulher já passou por duas ou mais cesáreas)”, fala a gestante de 32 semanas. 

A professora responsável pela disciplina de Tocoginecologia da Uninove (Universidade Nove de Julho) Maria Aparecida dos Santos Traverzim destaca que a sociedade está caminhando para a valorização do parto vaginal, mas que “falta evoluir muito a nível do conhecimento das mulheres para os riscos de uma cesárea. “Como é um procedimento cirúrgico, está sujeito a complicações, mas muitas optam por falta de orientação ou medo da dor.”

Dor era justamente o medo da jornalista Nahama Nunes Franze, 30, de Santo André. Ela escolheu o parto cesárea para ter o filho, que nasceu em janeiro. “Meu médico não se opôs, apenas disse que o parto normal é o mais seguro, mas me deixou livre para que tomasse a minha decisão. Para mim, foi ótimo e seguro.”




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