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Alunos protestam contra mudanças no Ensino Médio em São Caetano

Jovens rechaçam parceria com a USCS para a gestão das três instituições municipais da cidade

Bianca Barbosa
Especial para o Diário
Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
23/10/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


Alunos da Emefm (Escola Municipal de Ensino Fundamental e Médio) Arquiteto Oscar Niemeyer e EME (Escola Municipal de Ensino) Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, protestaram na manhã de ontem contra mudanças no Ensino Médio municipal. A cidade é a única do Grande ABC que mantém unidades voltadas à última etapa da Educação Básica custeada pela Prefeitura – são três –, além dos equipamentos mantidos pelo Estado, responsável por esta fase do conhecimento.

Os estudantes discordam de proposta apresentada pela secretária de Educação, Janice Paulino Cesar, sobre possível parceria junto à USCS (Universidade Municipal de São Caetano). A instituição de Ensino Superior ficaria responsável pela gestão das unidades de Ensino Médio a partir do próximo ano – Alcina Dantas Feijão (bairro Mauá), Arquiteto Oscar Niemeyer (bairro Osvaldo Cruz) e Vicente Bastos (Jardim São Caetano). Com a criação de Colégio Universitário, a USCS concentraria os estudantes das três instituições municipais no campus Conceição (Rua Conceição, 321).

O principal receio dos jovens, familiares e até profissionais da rede é o de encerramento do Ensino Médio municipal nos próximos anos. Alguns, inclusive, associam a terceirização do ensino a possível privatização. A falta de diálogo entre administração e comunidade gerou dúvidas.

“A secretaria disse que era só um projeto, que não havia confirmação e que não era para ser explanado dessa forma, mas ela se esquivou das respostas e inventou uma desculpa para sair de lá (reunião)”, falou Anna Karolina Santos Silveira, 18 anos, do 3º ano do Ensino Médio da Alcina Dantas Feijão.

A decoradora Debora Furtado, 48, teme que a escola do bairro Mauá seja desativada. “Meu filho mais velho terminou os estudos aqui, no ano passado. O ensino é tão bom que hoje ele faz Engenharia Física na USP (Universidade de São Paulo). Essa escola não pode acabar”, defendeu. A filha mais nova, Júlia Furtado, 15, que está no 1° ano do Ensino Médio, também estuda no local. “Essa escola representa o melhor da Educação em São Caetano, não tem nada para reclamar daqui. Não vejo motivo nenhum para mudar o que já está ótimo”, falou.

Alunos da Emefm Arquiteto Oscar Niemeyer, que estão tendo aulas na USCS devido à reforma da unidade do bairro Osvaldo Cruz, fizeram paralisação no pátio da instituição de Ensino Superior. “Me disseram que o Ensino Médio não é obrigação da Prefeitura, mas por que estão mexendo em uma coisa que sempre deu certo? Nós pagamos por isso”, destacou a dona de casa Laurien Romorini Benhossi, 37, mãe de aluno.

Ao som do grito de guerra “Ô burguesada, a nossa escola não vai ser privatizada”, ficou definida nova manifestação hoje, na Câmara Municipal, às 15h.

Prefeitura desiste de convênio e nega fim do atendimento

BIA MOÇO

biamco@dgabc.com.br

Após os protestos dos alunos e diante dos boatos, a Prefeitura de São Caetano descartou, por meio de nota, encerrar o atendimento municipal de Ensino Médio. Conforme a administração, chefiada por José Auricchio Júnior (PSDB), as três unidades que oferecem o ciclo – Alcina Dantas Feijão (bairro Mauá), Arquiteto Oscar Niemeyer (bairro Osvaldo Cruz) e Vicente Bastos (Jardim São Caetano) – “continuarão com suas aulas em 2019”.

A Prefeitura de São Caetano confirmou que chegou a realizar estudos de viabilidades técnica e financeira para participar do projeto da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) de forma conveniada, no entanto, concluiu que não participará da ação, que previa a criação de vagas gratuitas para os atuais e futuros alunos do Ensino Médio da cidade. “Tal projeto ainda será enviado à Câmara para apreciação e votação”, observou em comunicado.

Atualmente, o município oferece 1.200 vagas de Ensino Médio. 

Reitor da USCS diz que parceria traria benefícios à Educação municipal

O reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marcos Sidnei Bassi, acredita que parceria entre a instituição de Ensino Superior e a Prefeitura no projeto Colégio Universitário foi mal comunicada e, por isso, não aceita pelos alunos. Segundo ele, o fim da possibilidade de convênio simboliza perda para os estudantes, tendo em vista a ideia de melhorar a formação oferecida pelo município.

“Estávamos especulando a probabilidade de a Prefeitura utilizar nosso espaço para qualificar o Ensino Médio municipal”, explicou o reitor, que afirma que nenhum aluno da rede seria prejudicado. “O Colégio Universitário ofertaria, gratuitamente, as mesmas vagas que a rede disponibiliza, nem mais nem menos. As demais vagas sim serão pagas, no entanto, em valor bem abaixo da média. A mensalidade é de custo acessível à população e será em torno de R$ 650”, observou.

Bassi acredita que diante do atual cenário mundial, cercado por tecnologia, o aluno tenha perdido o interesse no estudo, o que tem de ser resgatado. “Vamos ter um prédio grande, bem equipado com computadores Apple, laboratórios e capacitação. Os alunos e professores teriam estrutura melhor.” 

O projeto do Colégio Universitário será encaminhado para Câmara até a próxima semana. O investimento e as vagas disponibilizadas pela ação não foram divulgados. BM




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