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Procura por crédito diminui em janeiro
Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
09/02/2011 | 07:12
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As medidas do BC (Banco Central) para desestimular a economia e, com isso, frear a alta de preços, têm se mostrado ineficazes para atingir esse fim, já que a inflação no mês passado teve alta. O consumidor, no entanto, já sente os reflexos do crédito mais caro. O resultado é que, apesar de alta de 12,9% na demanda por empréstimos em janeiro, segundo indicador da Serasa Experian, divulgado ontem, a taxa representa a menor expansão dos últimos seis meses.

E a tendência é que o consumidor fiquei ainda mais tímido para contrair dívidas no decorrer do ano. Tudo por conta das ações governamentais. O panorama atual é o oposto ao segundo semestre, quando a facilidade por crédito foi impulsionada por ações antecrise da União.

MEDIDAS

No fim do ano, a autoridade monetária elevou os depósitos compulsórios aos bancos. Isso significa que as instituições financeiras tiveram de deixar fatia maior dos recursos disponíveis para empréstimos com o BC. Com menos verba disponível, o valor do crédito subiu. Elevações na Selic (taxa básica de juros) também contribuem para as estimativas.

O gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, explica que qualquer desaceleração é normal no mês, devido à sazonalidade; férias e pós-Natal. Porém, o balanço foi pior do que o esperado, justamente por conta das ações restritivas adotadas pelo governo.

"Se em 2010 o crédito andou forte e barato, em 2011 será diferente; mais caro e escasso. O consumidor reage demandando menos." Rabi, contrapõe que a procura continuará a crescer, mas a passos mais lentos.

REGIÃO

O Grande ABC segue junto ao balanço nacional. O presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti, diz que o desempenho anual está em análise. Mas estima que o mês passado apresentou taxa igual ou pouco maior do que janeiro de 2010.

Apesar disso, Muneratti prevê que as ações da União só irão interferir na estabilidade do crédito nas sete cidades no segundo semestre, em razão de serem implementadas "em doses". O fato de não se permitir financiamentos sem dispor de valores de entradas maiores poderá complicar os empréstimos. "Mas ainda não sentimos esses efeitos", ressalta Muneratti.

Baixa renda puxa demanda por empréstimos

A faixa salarial de até R$ 500 por mês puxou os empréstimos em janeiro, segundo balanço da Serasa Experian. Enquanto que a média da demanda foi de 12,9% no mês, a classe mais baixa representou 58,2% do total, ante o mesmo mês de 2010.

Depois, nos mesmos parâmetros, aparece consumidor que ganha de R$ 5.000 a R$ 10 mil, com 30,5%. Apesar do resultado, todas as classes evitaram contrair dívidas em janeiro, frente dezembro.

Rabi explicou que a categoria mais baixa já vem de ritmo forte desde o ano passado. Isso decorre de medidas antecrise que o governo adotou em 2009, ampliando o crédito e tornando-o atrativo ao consumidor. Antes disso, no abalo financeiro iniciado em 2008, os mais pobres foram praticamente excluídos do mercado pela restrição dos empréstimos.

O presidente da Acisa destaca que, por meio de consultas com pagamentos feitos com cheque, no comércio, foi possível concluir que as classes D e E - que ganham na região R$ 1.105 - tiveram demanda acima da média. "A oferta de crédito vai continuar estável, porque está vinculada ao emprego. Pelo que se percebe, não há ameaça nas contratações no horizonte e ainda há oferta boa." VG




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