No ar desde abril de 2006, "Supernanny" (SBT) já recebeu cerca de 28,5 mil inscrições em suas cinco temporadas. Para a pedagoga Cris Poli, estrela do reality show, isso mostra o quanto os pais brasileiros estão tendo dificuldades para criar seus filhos. "No momento em que a família decide se inscrever, ela sabe que vai se expor. E os pais estão dispostos a pagar o preço da exposição para serem socorridos", afirma.

Para Cris, o sucesso de seu programa se deve ao momento de adaptação que a instituição da família vive atualmente, depois de um período em que a educação era extremamente dura, seguido de outro em que tudo era permitido. "Os pais estão pedindo socorro porque não sabem o que fazer. Então, é preciso ensiná-los a encontrar um equilíbrio, para que não se tornem nem muito permissivos nem muito rígidos."

De acordo com a apresentadora, enquanto os mais velhos não conseguem impor autoridade, a principal reclamação das crianças vem do fato de os pais trabalharem muito e não passarem tempo suficiente com eles. "Os filhos manifestam que algo não está certo por meio do comportamento ruim", acrescenta.

Apesar disso, a pedagoga acredita que todos os problemas entre pais e filhos têm solução. "Sempre dá para resolver", diz. Perguntada sobre os casos anteriores que tratou no programa, Cris afirma que cerca de 85% a 90% das famílias incorporaram as mudanças propostas. "Nós mantemos contato e as avaliações que faço são boas", completa.

O diretor do reality show, Ricardo Perez, pretende, inclusive, fazer um especial com as famílias mostradas nas temporadas anteriores. Segundo ele, a idéia é mostrar os melhores momentos de cada caso e como as relações mudaram. "Espero que no final desta temporada possamos fazer isso", diz.

Assédio - "Supernanny" mudou a vida da pedagoga argentina de 63 anos. Cris Poli afirma que na sua rotina atual "é difícil sair para a rua". "Sinto falta de ir para o shopping ou para o supermercado. Eu consigo ficar um tempo tranqüila, até que as pessoas começam a me reconhecer. Mas em todas as ocasiões, sempre recebo muito carinho e afeto."

O sucesso também levou Cris a lançar dois livros sobre educação infantil: "Filhos Autônomos, Filhos Felizes" (2006), que virou best-seller, e "Pais Separados, Filhos Preparados" (2007). Apesar de ter perdido a liberdade, a pedagoga faz um balanço positivo sobre a experiência de comandar um programa. "Vale a pena", conclui.