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Festival de Veneza: cada vez mais globalizado
27/08/2008 | 07:01
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Hoje, o mais antigo festival de cinema do mundo dá início à sua 65ª edição com noite de gala, na qual será exibida, fora de concurso, nada mais nada menos que a última criação dos irmãos Coen, Burn after Reading. Produção norte-americana, de prestígio artístico, capaz de mobilizar nomes estelares como George Clooney, Brad Pitt, Tilda Swinton e Frances McDormand para desfilar no tapete vermelho do Lido rumo ao Palácio dos Festivais, Burn After Reading é esse tipo de filme que é o sonho de consumo dos diretores de festivais do mundo, capaz de aliar glamour à qualidade.

É equilibrando-se entre essas duas exigências - uma mercadológica, outra estética - que Veneza dá início à maratona de filmes. Será preciso descobrir o novo, venha ele de onde vier, mas também apostar no conhecido e no mediático, pois é o que atrai as câmeras no mundo do espetáculo.

Assim, espera-se um desfile de celebridades no Lido, mas também os filmes chamados "miúras", inovadores e sem gente conhecida no elenco.

Só para a competição principal, aquela que conduz ao cobiçado Leão de Ouro, há 21 longas-metragens. Mas é possível que, ao longo do certame, entre mais um - o já tradicional "filme surpresa" para compor a soma de 22 competidores.

Alguns são bem manjados, como o norte-americano Jonathan Demme, que concorre com Rachel Getting Married, ou o japonês Takeshi Kitano, com Akires to Kame, traduzível por Aquiles e a Tartaruga. Kitano já ganhou um Leão de Ouro, com Hana-Bi - Fogos de Artifício e, desde então, tornou-se habitué do festival.

Além de Kitano, outros realizadores japoneses comparecem a Veneza. Há também obras de muitos outros países, como França e Rússia. Uma das estréias mais aguardadas, é a do mexicano Guillhermo Arriaga (roteirista dos grande sucessos do seu compatriota Alejandro Gonzáles Iñarrítu, com Amores Brutos e Babel), que assina The Burning Plain, mas sob bandeira norte-americana, tendo Charlize Theron e Kim Basinger no elenco, além do português Joaquim de Almeida.

Como se vê, Veneza é uma geléia geral, mas na qual predomina, pela primeira vez em muitos anos, o sabor italiano, que está na mostra principal com quatro títulos.

O Brasil não fica totalmente de fora desse banquete global. O País aparece como co-produtor (junto com China, Hong Kong e Japão) de Plastic City de Yu Lik-Wai, filmado no bairro da Liberdade, em São Paulo. A mesma produtora paulista de Plastic City, dos irmãos Caio e Fabiano Gullane, aparece também nos créditos de Birdwatchers, do ítalo-argentino Marco Becchis (de Garagem Olimpo).

"São filmes globais", diz Fabiano Gullane, mas as marcas do Brasil estão neles e não apenas pela participação financeira. No primeiro, nas locações e também num elenco no qual figuram Tainá Muller, Antonio Petrin, Milhem Cortaz, entre outros. Também no idioma, pois o filme é falado em português na metade do tempo, 40% em chinês e 10% em inglês, conta o produtor.

Há ainda mais Brasil no segundo, Birdwatchers (Observadores de Pássaros), que no entanto aparece apenas como italiano no site do festival. Ele fala da destruição da cultura guarani-caiová, no Mato Grosso. O filme tem 80% do capital italiano e 20% brasileiro. Mas é filmado no Brasil, interpretado pelos índios, e também por um elenco de nomes conhecidos como Leonardo Medeiros e Matheus Nachtergaele, que contracenam com colegas italianos como Claudio Santamaría e Chiara Caselli.

Quando esses títulos foram anunciados, a reportagem perguntou a Fabiano Gullane se, em caso de vitória, poderíamos dizer que o Brasil, pela primeira vez, estaria levando um Leão de Ouro para casa. O produtor respondeu de maneira afirmativa, entendendo que, no mundo globalizado, é inútil procurar uma forma pura no perfil de produção de um filme.




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