Brickmann Titulo
Mãos ao alto

Parece incrível: houve deputados federais trabalhando no feriadão. Mas só para discutir como nos tungar de novo

Por Carlos Brickmann
25/05/2008 | 00:00
Compartilhar notícia


Parece incrível: houve deputados federais trabalhando no feriadão. Mas só para discutir como nos tungar de novo. Querem de volta a CPMF, aquela que foi extinta após dura batalha. O presidente Lula disse que topa, desde que outros assumam a responsabilidade. Os deputados querem fazer a tunga sem levar a culpa.

Nesta terça-feira, os deputados devem encontrar-se com os líderes governistas no Senado, para ter a certeza de que, se a Câmara aprovar, os senadores não derrubarão o novo imposto (nem ficarão com as glórias de evitar o novo assalto).

Toda essa manobra para levar o seu dinheiro, caro leitor, é feita sob um lindo disfarce: mais verbas para a Saúde (aliás, a CPMF também tinha esse objetivo, e a Saúde não viu um tostão a mais). Mas será preciso criar um novo imposto? Não: segundo o deputado Henrique Fontana, do PT, líder do Governo na Câmara, uma taxa suplementar de R$ 0,50 por maço de cigarros é suficiente para arrecadar R$ 2,7 bilhões, um terço do necessário para reforçar a saúde. Ou seja, se houver a cobrança de R$ 1,50 por maço, haverá dinheiro suficiente, sem novos impostos. E seria ótimo se houvesse também imposto sobre bebidas alcoólicas.

Não haveria problema em cobrar mais pelos cigarros. Primeiro, o cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo (e deveria custar caro, como recomenda a Organização Mundial da Saúde); segundo, é subsidiado pelo governo. Paga menos IPI que uma caneta esferográfica. E qual o sentido de subsidiar um vício que faz mal à saúde, só para beneficiar monopólios multinacionais?

O MIADO DO LEÃO 1
O ministro do Meio-Ambiente, Carlos Minc, assumiu com tudo: garantiu que, com ele, "sim é sim e não é não", pediu R$ 1 bilhão para começar, quis trocar o ministro Mangabeira Unger pelo senador Tião Viana na gestão do Plano Amazônia Sustentável, pediu a ação das Forças Armadas na preservação da Amazônia e encerrou sua série de frases com um "tremei, poluidores, tremei!"

O MIADO DO LEÃO 2
Alguns dias depois da posse, Carlos Minc desistiu das Forças Armadas (agora quer apenas uma Guarda Nacional), negaram-lhe o bilhãozinho, soube que Mangabeira Unger continua mandando e deve informar, em poucos dias, que o desmatamento cresceu. Mas dizem que, quando lhe oferecem cafezinho e ele aceita, o "sim" é "sim", e pronto.

FOI...
O assessor que recebeu o dossiê disse uma coisa, o assessor que enviou o dossiê disse outra. Um dos dois mentiu à CPI. Seria simples colocá-los frente a frente, numa acareação. Mas a CPI deixou pra lá. Um jornal importante, a Folha de S.Paulo, disse que quem formatou o dossiê foi Marisol, apelido da chefe de Gabinete de Erenice Guerra, Maria de la Soledad Castrillo. Marisol deveria ser convocada pela CPI, mas o jornal divulgou a notícia numa sexta, véspera de sábado, antevéspera de domingo, e o relator da CPI já está com o relatório bem avançado. Então, deixa pra lá. Marisol é a principal auxiliar de Erenice Guerra, que por sua vez é a principal auxiliar de Dilma Rousseff, a principal ministra do governo Lula. Mas os faxineiros que se cuidem: vem chumbo neles!

...MAS NÃO FOI
Vamos combinar assim: o dossiê foi feito na Casa Civil, digitado nos computadores da Casa Civil, montado por gente importante da Casa Civil, enviado por alto funcionário da Casa Civil. Mas a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, não sabem de nada, OK?

DOIS BICUDOS...
Na Grande Guerra Tucana, o ex-governador Geraldo Alckmin tem tanta certeza de que será o candidato do PSDB à Prefeitura paulistana que procura aliar-se a partidos nanicos que aumentem seu tempo de TV. Mas deveria olhar um pouco mais para seu próprio partido: um forte grupo tucano, liderado pelo secretário Walter Feldman (ligadíssimo ao governador José Serra), pretende concorrer com ele na convenção, votando pela aliança com o DEM e o apoio à reeleição do prefeito Gilberto Kassab. O resultado é imprevisível. E este colunista não apostaria uma gravação de discurso do senador Suplicy na vitória de Alckmin.

...NÃO SE BEIJAM
Caso os estrategistas de Serra concluam que Alckmin ganhará a convenção tucana, poderão apresentar moção vetando alianças com partidos que apóiem Lula. Com isso, Alckmin não poderia juntar-se ao PTB, e perderia seu único aliado.

A CAIXA DO BANCO
A venda da Nossa Caixa, banco estadual paulista, só será feita para o Banco do Brasil. Dificuldades políticas na Assembléia tornariam inviável qualquer tentativa de negociá-la com um banco privado. E para um banco estatal a Nossa Caixa vale mais do que para um banco privado.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;