Setecidades Titulo Educação
Reitor admite crise, mas garante
sequência da Metodista em 2022

Instituição planeja vender o campus Vergueiro para pagamento de dívida de R$ 479 milhões, sendo que 60% são passivos trabalhistas

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
04/08/2021 | 00:01
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O reitor da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), Márcio Oliverio, admitiu as dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição, mas afirmou que toda a rede está pronta para superar a crise que assola o grupo há pelo menos seis anos, confirmando não só a continuidade dos trabalhos, mas também novos projetos para o ano que vem.

Em visita ao Diário, o reitor, ao lado do gerente de marketing e comunicação Fábio Eloi, confirmou a venda e o fim das aulas no campus Vergueiro, em São Bernardo, reiterando que todos os 200 alunos e profissionais que atuavam no endereço foram remanejados para a unidade do Rudge Ramos. “(A venda do campus Vergueiro) É um estudo antigo. Pelo menos desde 2018 já se discute se ia manter ou não a unidade de lá”, disse Márcio, explicando que o critério decisivo para descontinuação do prédio foi a quantidade de alunos e cursos – o campus ofertava cinco disciplinas –, que poderiam ser acoplados em espaços que estavam ociosos na unidade do Rudge Ramos, que tem a maior área entre as três unidades que serão mantidas na região – o campus Planalto e o colégio também seguirão em funcionamento.

O imóvel da Vergueiro ocupa terreno de 13.379,80 metros quadrados de área total e 6.289,51 metros quadrados de área construída e foi avaliado em R$ 66,9 milhões. A perícia está anexada ao plano de recuperação do grupo, protocolado no dia 9 de abril no TJ-RS (Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul), com laudo técnico assinado pela empresa Consul Patrimonial Ltda.

Embora a unidade tenha parado de funcionar somente em março de 2020, quando a Covid se instalou no País, Márcio garantiu que a descontinuação do campus não foi acelerada pela pandemia. “É um processo que já vinha sendo estudado, foi um caminho natural. Percebemos que poderia reduzir e oferecer uma qualidade até melhor transferindo os alunos para um campus maior e equipado”, comentou o reitor.

Márcio salientou ainda que a venda de prédios que estavam sem atividades será o respiro para que o grupo possa quitar dívidas, que chegam a R$ 479 milhões, sendo que 60% são referentes a passivos trabalhistas. “A recuperação judicial foi e está sendo totalmente transparente, tanto com a sociedade quanto com os profissionais e ex-funcionários. É um plano sólido, que coloca à venda imóveis não operacionais e que poderá arcar com o pagamento dos credores”, garantiu o reitor.

O processo de recuperação judicial propõe quitar integralmente apenas as dívidas trabalhistas que não ultrapassem R$ 50 mil. No caso de valores que estejam entre R$ 50 mil e R$ 165 mil, a instituição ofertou o pagamento com redução de 30%. Já para os profissionais aos quais a Metodista deve mais do que R$ 165 mil, o grupo propôs desconto de 70% da dívida. “São 87,8% que receberão integralmente. Mas o plano de recuperação ainda está em diálogo e sendo conversado com cada um dos credores”, afirmou Márcio, reiterando que o processo prevê que a recuperação seja realizada em até 36 meses, prazo que pretende cumprir.

DO TOPO À CRISE
A Metodista chegou a ser líder nos rankings educacionais dos anos 1980 e 1990. Gerente de marketing e comunicação, Fábio Eloi pontuou que dentre os problemas que levaram a Metodista a essa situação está o fato de não ter sido feita anteriormente análise de portfólio, ou seja, cursos que mais crescem e perfis de estudantes. “Talvez tenha faltado, em algum momento, um senso de observar as tendências, de se agir mais rapidamente”, argumentou. Fábio reitera que o tipo de estudante mudou, as tecnologias avançaram e que a estrutura da Metodista, pelo tamanho, levou um tempo para se readequar.

FUTURO
Apesar da crise financeira e polêmicas envolvendo a instituição, a Metodista promete virar a página e inovar em 2022. O reitor garante que será “um renascimento” e que a instituição sairá mais forte depois da pandemia. “Estamos vivendo uma virada. É uma construção e isso leva um tempo. Estamos em uma crescente agora de retomar espaços e reforçar diálogos (com os profissionais), para continuarmos sendo relevantes para a região, como a instituição sempre foi”, garantiu Márcio.

O gerente de marketing e comunicação garantiu que a instituição investirá ainda mais na internacionalização, com parcerias entre a Metodista e universidades estrangeiras, além de fortalecer projetos integrados entre todas as disciplinas voltados para a comunidade, além de trabalhar novas tecnologias e inovação.

“Também vamos integrar o colégio à universidade, de forma que todo o ensino médio terá aulas nas faculdades. Ou seja, em vez de ir em uma feira de profissões, os alunos terão essas aulas ainda na escola”, contou Fábio, explicando que a graduação também estará mais ligada aos cursos de extensão, com maior incentivo às pesquisas e integração aos cursos de pós-graduação.
 




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