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Público dos times da região não enche a Vila Belmiro

Somados os 24 jogos da primeira fase da Copa Paulista, equipes atraíram só 12.945 pessoas aos estádios

Anderson Fattori
28/09/2018 | 07:00
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A primeira fase da Copa Paulista chegou ao fim no domingo e trouxe triste constatação: o futebol do Grande ABC está longe de ser autossustentável. A prova está nos números de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Água Santa, que entraram na disputa. Somadas as 24 partidas que fizeram, conseguiram atrair apenas 12.945 torcedores que, juntos, seriam insuficientes para encher a Vila Belmiro, menor estádio dos clubes grandes do Estado, que tem capacidade para 16.068 pessoas.

O resultado é ainda mais catastrófico quando levamos em consideração que na primeira fase, por conta da regionalização dos grupos, aconteceram 12 clássicos, o que, teoricamente, pela proximidade das cidades, deveria atrair mais torcedores, mas não foi o que aconteceu.

O melhor desempenho foi do Santo André, mas ainda assim muito abaixo do que era esperado. Nos seis confrontos que o clube fez no Estádio Bruno Daniel, levou 5.105 torcedores às arquibancadas, o que dá média de 851 pessoas por partida. O maior público foi registrado na estreia, contra o Água Santa, com 1.144 espectadores.

Quem atraiu menos a presença do público foi o São Bernardo. Foram apenas 1.531 pessoas em seis partidas, com média de 255 por confronto. Neste caso, há de se ressaltar que o Tigre teve de disputar dois jogos no Estádio do Inamar, em Diadema, porque o 1º de Maio estava interditado, contra o Taubaté, na estreia, e contra o Santos, na sétima rodada.

A baixa presença de público se traduz em grande prejuízo na contabilidade da partida. Para atender as exigências da Federação Paulista de Futebol e garantir a segurança, os clubes precisam oferecer grande infraestrutura, que inclui locação de ambulâncias, contratação de bilheteiros, de seguranças particulares e das catracas eletrônicas, além de ter de pagar pelo policiamento e pelo monitoramento por câmeras. Os clubes ainda arcam com impostos – 5% da renda bruta do jogo vai para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). O prejuízo poderia ser ainda maior se houvesse exame antidoping, como acontece no Campeonato Paulista, mas que na Copa Paulista não é obrigatório.

Diante deste cenário, curiosamente, o Santo André, que foi quem conseguiu atrair o maior número de torcedores, é também o clube que mais paga para jogar. O prejuízo do Ramalhão nos seis duelos como mandante somou R$ 57.025,75, ou R$ 9.504,29 por partida. Vale ressaltar que no boletim financeiro disponível no site da Federação Paulista o clube andreense é um dos únicos que especificam todos os custos, inclusive com locação do carro de som, emissão de ingressos, entre outros itens de menor valor.

O menor prejuízo foi registrado pelo São Bernardo, que gastou R$ 24.141,40 nas seis partidas – média de R$ 4.023,57 por jogo. Mas, curiosamente, no boletim financeiro dos jogos do Tigre, do São Caetano e do Água Santa, não é mencionado nenhum gasto com a Polícia Militar, um dos itens mais caros nos borderôs do Santo André.

CAUSA
Existem vários fatores que contribuem para a baixa presença de público na Copa Paulista. Um deles é a falta de atrativo da competição, que é jogada por clubes paulistas que não estão em nenhuma das divisões do Campeonato Brasileiro – existem exceções, como o Santos e o Bragantino, mas que entraram em campo com o time B.

Além disso, os dois únicos benefícios de entrar na competição são: manter o clube em atividade no segundo semestre e buscar a tão sonhada vaga na Série D do Campeonato Brasileiro ou na Copa do Brasil, direito adquirido ao campeão e ao vice.

Por fim, também atrapalham a presença de público os horários das partidas, muitas disputadas em dias úteis, às 15h. 




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