Setecidades Titulo Patrimônio histórico
Fábrica de Sal deverá abrigar eventos culturais

Área tombada pelo patrimônio histórico estadual em Ribeirão será cedida ao Sesi, que fará restauro

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/09/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 A Fábrica de Sal de Ribeirão Pires, patrimônio tombado em fevereiro pelo Condephaat-SP (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), poderá abrigar eventos e atividades culturais após reforma que será feita pelo Sesi (Serviço Social da Indústria), afirmou a presidente do CMDPNC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural de Ribeirão Pires), Fabiana Cristina Gonçalves.

A Câmara Municipal aprovou nesta semana projeto que cede a área onde está a fábrica para o Sesi, que vai instalar no local unidade escolar (a que existe na cidade está interditada desde 2010, pois está em área com risco de deslizamento) e providenciar a reforma e restauração do imóvel, que tem 120 anos. “Temos um bem que estava em ruínas, a ponto de corrermos o risco de perdê-lo”, completou Fabiana.

De acordo com o projeto aprovado, toda a área – que inclui o prédio da antiga Fábrica de Sal e outros dois imóveis, onde funciona uma biblioteca e a escola Lavínia Figueiredo – será cedida. “O Sesi se colocou à disposição para nos ajudar a usar o local para fins culturais. Vai agregar para a cidade e para toda a região”, avaliou a presidente.

O diretor de patrimônio cultural de Ribeirão Pires, Marcílio Duarte, relatou que ainda não existem detalhes sobre o projeto de restauração, mas destacou que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mantenedora do Sesi, conta com corpo técnico de engenheiros e técnicos capazes. “Esse projeto inicial já foi aprovado pelos conselhos municipal e estadual de patrimônio, e também pelo CATP (Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio). É um projeto coerente com a defesa do patrimônio”, pontuou.

Duarte afirmou também que existe o compromisso, por parte do Sesi, de não sobrepor o prédio da Fábrica de Sal nem vertical nem horizontalmente. “Significa dizer que o imóvel que vai abrigar a unidade escolar não pode ser mais alto do que a fábrica, para não tampar a visão, ou seja, haverá valorização do patrimônio histórico”, concluiu. Assim que estiver pronto o projeto da restauração, os conselhos de patrimônio serão consultados.

O presidente da Associação Pró-Memória de Ribeirão Pires, Octavio David Filho, relembrou que passou parte da infância brincando nas antigas instalações do Moinho de Trigo Irmãos Maciotta, o primeiro moinho à vapor do Estado de São Paulo e o segundo mais antigo do País. “Havia rampa entre os dois andares, que usávamos de escorrega”, recordou. “Acompanhei de perto a vida deste moinho e liderei o movimento para dar à escola o nome da primeira professora formada na cidade”, completou.

David Filho afirmou que está satisfeito com a restauração do espaço – que fez questão de frisar, nunca foi uma fábrica, e sim uma beneficiadora do sal que vinha do Nordeste e que, por isso, é um “erro crasso” o termo Fábrica de Sal, embora já esteja consolidado. Para ele, ter no local uma unidade escolar é melhor do que um shopping, como chegou a propor o ex-prefeito Saulo Benevides (MDB). “Vamos acompanhar para que se preservem os símbolos da cidade”, concluiu.

Em nota, o Sesi informou que a área doada pela Prefeitura refere-se ao terreno onde se encontra a antiga Fábrica do Sal, que será preservada e restaurada oportunamente. “Essa restauração depende ainda de estudo do nível de necessidade de restauro e do uso que será dado a esse prédio. Por isso, os valores dependem dessas variáveis, bem como a determinação de prazos futuros”, completou o comunicado.

 




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