Malvino Salvador não teve muito trabalho para compor o personagem Damião, de A Favorita. Interessado por política, o ator amazonense de 32 anos diz que a preparação para o papel, a princípio, foi apenas intelectual. O ator pesquisou sobre movimentos políticos de esquerda. "Sempre me interessei por política, mas precisei de um pouco mais de estudo sobre isso", relata.

Na trama, o ator vive Damião, um líder sindical de esquerda que entra em conflito com o político Romildo Rosa, interpretado por Milton Gonçalves, sem saber que o deputado corrupto é seu pai.

Além de ler sobre o assunto, Malvino teve de voltar a jogar capoeira. Na sinopse original, seu personagem seria um professor de luta. No entanto, a idéia foi descartada. Quando a novela já estava no ar, a direção decidiu incluir novamente o elemento da capoeira. "Tinha quatro anos que não praticava. Estava meio enferrujado!", brinca.

Malvino conta que adorou as características do personagem e que valoriza os papéis realísticos. O ator costuma dar preferência a personagens que não sejam muito fantasiosos e que se aproximem da realidade de pessoas comuns. "Gosto de personagens que tenham aspirações, desejos e necessidades que as pessoas têm. O ator é como um espelho do público", acredita.

Em A Favorita, Damião vive um romance com Greice, de Roberta Gualda. Em breve, o personagem se envolverá com a professora Dedina, vivida por Helena Ranaldi, esposa de seu amigo Elias, de Leonardo Medeiros, o prefeito da cidade de Triunfo. Malvino acredita que, devido às características de seu personagem, Damião só vai ceder ao desejo por Dedina se o romance acontecer de forma espontânea. "Ainda não sei se ele vai continuar com a Greice e nem como vai ficar a relação dele com o amigo."

O ator estreou na teledramaturgia em 2004 na novela Cabocla, em que interpretava o vilão Tobias. No ano seguinte, deu vida ao cozinheiro Vitório em Alma Gêmea. Para este papel, Malvino trabalhou por três semanas na cozinha de um restaurante em São Paulo. "No começo fazia muita bobagem, depois fui aprendendo", relembra. Em 2006, interpretou Camilo em O Profeta. Em Sete Pecados, viveu Régis, um lutador de boxe.

Seu primeiro trabalho como ator veio no ano de 2003, no musical Blue Jeans, de Wolf Maya. Malvino estudava na escola de atores do diretor e ficou sabendo que começaria uma seleção para a peça. O ator conseguiu o papel e se encantou pelos ensaios do espetáculo. "Quando pisei no palco, na estréia, me contagiei com aquela energia toda e tive certeza de que era aquilo que queria fazer", lembra.

Malvino se mudou de Manaus para São Paulo aos 25 anos, quando foi convidado para trabalhar como modelo. E, aconselhado por um colega, decidiu estudar interpretação. "Ele achava que eu fazia um tipo de modelo bem comercial e que um curso de interpretação me faria conseguir mais trabalhos", conta. Com pouco tempo na cidade, conseguiu o papel na peça Blue Jeans e, em seguida, se mudou para o Rio de Janeiro para ingressar no elenco da novela Cabocla. Após a estréia na TV, o ator emendou um papel no outro e passou a morar de vez no Rio. "Foi tudo muito rápido. Acredito que as coisas aconteceram porque cheguei em São Paulo muito focado em ir atrás de meus objetivos", acredita.

Quando ainda nem imaginava ser ator, Malvino estudava ciências contábeis em Manaus. Cursou a faculdade por quatro anos, mas não chegou a se formar. O ator trabalhou como estagiário na Secretaria da Fazenda do Estado e em alguns bancos. Quando estava no último ano de curso, também fazia alguns trabalhos como modelo.

Em um destes trabalhos, foi visto por um booker paulistano que o convidou para trabalhar em São Paulo.