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Sem-terra se preparam para marcha em Brasília
Por Do Diário do Grande ABC
06/10/1999 | 09:19
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Os sem-terra já estao preparando, na manha desta quarta-feira, para a Marcha Popular em Brasília. Provenientes de vários pontos do país, muitos já estao próximos à Catedral, de onde sairao em passeata até o Congresso. A manifestaçao começará a partir das 11h30 e, segundo a Polícia Militar, deve contar com a participaçao de cerca de 30 mil pessoas, segundo informaçao da Rádio CBN.

Por enquanto, o clima é ameno na regiao e poucos ônibus estao no local.

Os participantes da Marcha deverao permanecer na capital federal até a próxima terça-feira (12), quando participarao de manifestaçoes do Grito Latino-americano dos Excluídos. Entre os dias 8 e 10, os integrantes da marcha vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) discutirao novos rumos e estratégias do movimento em face da conjuntura econômica, em um evento chamado de Assembléia dos Lutadores do Povo Brasileiro.

Após o dia 12 os 1.100 integrantes da marcha, procedentes de 23 estados, começarao a voltar para casa de ônibus. Participam da iniciativa, que tem como principal objetivo exigir mudanças na política econômica e o rompimento com o Fundo Monetário Internacional, representantes da Central Unica dos Trabalhadores (CUT), da Central de Movimentos Populares (CMP), das Pastorais Sociais da Igreja Católica, além de grupos menores, como os atingidos por barragens.

Democracia - Depois de fazer cerca de 2 mil debates em igrejas, universidades e associaçoes de moradores, os cerca de 1.100 integrantes da marcha deverao discutir, na assembléia, um "projeto de democracia avançada, que nao seja essa democracia formal, em que a populaçao vota e o político esquece de quem votou". O coordenador do MST em Santa Catarina, Vilson Joao Santin, explica que há um descrédito da populaçao em relaçao à política como vem sendo feita, "em que o povo é um mero espectador do jogo político". Segundo ele, "é preciso encontrar formas de ampliar a participaçao coletiva e o controle social do governo".

Outros integrantes do MST, que preferiram nao se identificar, acrescentaram que o descrédito atinge até os partidos de esquerda, "que nao estao representando os anseios da populaçao." Os militantes do MST trabalham com a expectativa de que a demora na liberaçao de recursos para a reforma agrária deverá resolver um velho problema do movimento: mobilizar os trabalhadores rurais assentados. "Já tem assentado bloqueando agências do Banco do Brasil no Pontal do Paranapanema", disse um militante do MST.

Nesta terça-feira a marcha recebeu o reforço de dois ônibus, com cerca de 80 manifestantes ao todo, provenientes do Paraná. A expectativa é a de que entre 6 mil e 8 mil manifestantes, vindos de vários estados, engrossem as manifestaçoes até quinta. Os participantes da marcha percorreram nesta terça-feira durante a manha, os cerca de 28 quilômetros que separam Luiziânia, onde pernoitaram na segunda-feira (04), de Valparaíso, município a 45 quilômetros de Brasília. Em Valparaíso, os sem-terra ficarao alojados no CIAC Tancredo Neves. Os manifestantes planejam retomar a caminhada a partir à 6 horas desta quarta-feira em direçao ao Núcleo dos Bandeirantes, cidade-satélite distante 15 quilômetros de Brasília, onde deverao acampar até quinta.




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