Talvez não chegue a uma dezena os cenógrafos brasileiros que aliam sólida formação acadêmica com experiência nos palcos, trajetória premiada e, sobretudo, amplo conhecimento em arquitetura cênica, ou seja, saibam construir e reformar teatros. O carioca José Dias, professor titular nessa arte na Unirio, é um deles. Ano que vem completa 40 anos de carreira e parte da história pode ser vista em exposição que será aberta para convidados nesta quarta-feira na Caixa Cultural da Avenida Paulista.

"A cenografia evoluiu dos grandes volumes e da verticalidade para a síntese", argumenta. A exposição tem 76 maquetes escolhidas entre 320 cenografias. "Não é uma retrospectiva. Não tenho todas as maquetes e nem haveria espaço". Ficaram de fora trabalhos para TV e cinema e de construção e reforma. Mas as facetas serão discutidasnesta quinta, às 17h, em palestra grátis. Inscrições pelo telefone 3321-4000.

Além das maquetes há 189 fotografias dos palcos com a cenografia já "habitada" pelos atores. São flagrantes em plano aberto, que propiciam imagens vivas. Sim, porque a primeira lição de cenografia é saber que a arte nada tem a ver com decoração. "Faço parte da equipe desde a primeira leitura. Acompanho ensaios. Ao cenógrafo cabe uma resposta gráfica à proposta cênica da direção. Cenografia é linguagem, não tem que ser necessariamente bela, tem que ter prática, precisa estar em sintonia com a proposta cênica e os seus outros elementos: figurinos, iluminação, dramaturgia e interpretação.", diz.

Cenografia - A Arte de José Dias. Exposição. 3ª a sáb., das 9h às 21h. Até 26 de outubro. Caixa Cultural - Av. Paulista, 2.083. Tel.: 3321-4400. Entrada franca.