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ONU visita Brasil para verificar denúncias de tortura
Por Do Diário do Grande ABC
20/08/2000 | 14:54
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O secretário especial da Comissao de Direitos Humanos da ONU para a questao da tortura, Nigel Rodley, chega este domingo ao Brasil para apurar denúncias de maus tratos nas cadeias e reformatórios do país, informou o Centro de Imprensa das Naçoes Unidas.

A agenda de Rodley inclui reunioes com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o chanceler, Luiz Felipe Lampreia, o ministro da Justiça, José Gregori, o secretário dos Direitos Humanos, Gilberto Cardoso e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Velloso.

O especialista da ONU também vai se encontrar com representantes de organizaçoes nao-governamentais de defesa dos direitos humanos, como Justiça Global, Movimento Nacional pelos Direitos Humanos, a Pastoral Carcerária e a Associaçao Crista para a Aboliçao da Tortura.

Essas entidades apresentarao a Rodley informes mostrando que pelo menos 1. 700 pessoas, 706 delas adolescentes, sofreram diversos tipos de torturas em vários reformatórios da cidade de Sao Paulo nos últimos três anos.

No caso das prisoes comuns, as entidades afirmam que pelo menos 570 presos denunciaram em 1999 ter sofrido castigos em suas próprias celas, muitas vezes nas maos de encapuzados que atacam armados com tacos de beisebol.

Muitas informaçoes das ONGs foram obtidas junto ao Ministério Público do estado de Sao Paulo, que enviará dois representantes a um encontro com Rodley.

O promotor Carlos Cardoso disse neste domingo à imprensa que a cifra de 1. 700 pessoas que sofreram maus tratos nos últimos três anos pode ser bem maior, já que muitos dos casos nao chegam ao conhecimento do Ministério Público. "O número real de vítimas é muito maior, pois a maioria dos casos nao é denunciada", disse Cardoso.

Outro promotor, Ebenezer Cardoso, disse que o Ministério Público oferecerá a Rodley um conjunto de 22 fitas de vídeo que registram torturas a jovens e adolescentes em vários reformatórios.

Nas fitas, é possível ver os internos apanhando no rosto, além de adolescentes denunciando a existência de salas de castigo, sem banho ou camas, onde permanecem por até três dias sem receber alimentos.




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