Cerca de 100 mil alunos do Grande ABC, da creche à EJA (Educação de Jovens e Adultos), recebem nas próprias unidades escolares orientações e cuidados com a Saúde desenvolvidos pelo PSE (Programa Saúde na Escola), do Ministério da Saúde, em parceria com as prefeituras. Dentro de escolas municipais, a ação realiza serviços como exame de acuidade visual, peso e saúde bucal, entre outros. Cinco das sete cidades da região – Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires– aderiram ao novo ciclo do PSE em junho, e todas as ações envolvendo o projeto serão realizadas ao longo de dois anos.

O programa do governo federal foi criado em 2007 e todo ano precisa ser renovado, mas cabe a cada município aderir ou não. A união entre as políticas de Saúde e de Educação voltadas às crianças, aos adolescentes, aos jovens e aos adultos da rede pública brasileira tem como objetivo promover Saúde e Educação integralmente, com base na prevenção.

“Considerando que o programa objetiva a promoção à Saúde dos estudantes, as equipes iniciam o trabalho realizando oficina de sensibilização com os diretores dos espaços escolares e respectivos professores, pais e responsáveis, além dos educandos. A partir desse contato inicial, a metodologia do trabalho é definida pela equipe de acordo com a ação a ser desenvolvida no espaço escolar e a faixa etária dos alunos”, disse Celia Aparecida Ducci Fernandes Chaer, da Coordenadoria de Atenção Básica de Mauá.

Para a secretária de Saúde e Higiene de Ribeirão Pires, Patrícia Freitas, essa foi uma decisão de extrema relevância aos munícipes, pois o PSE tem por objetivo estabelecer um trabalho de Educação continuada e permanente com alunos das escolas municipais voltado para as ações de promoção, de atenção e de prevenção das doenças e agravos relacionadas à Saúde.

“Entendo que é a partir da Educação básica que conseguiremos enraizar de forma efetiva a importância das ações de prevenção e promoção à Saúde. Um dos grandes exemplos disso é o combate ao Aedes aegypt. Os alunos, por meio de informação, poderão nos auxiliar no combate ao mosquito”, disse a responsável pela Pasta em Ribeirão.

Segundo o dentista Jorge Victor Ribeiro Quelhas, do programa em São Bernardo, são realizadas quatro visitas anuais, duas a cada bimestre, por meio das quais a equipe demonstra ludicamente como deve ser feita a escovação, fornece orientações sobre a saúde bucal e avalia cada um dos alunos. “Esse projeto é fundamental para que a gente possa ter acesso à escola, tendo-a como parceira. Assim, levamos saúde bucal para as crianças. Com essa ação conseguimos oferecer informações e cuidados dentro do local em que a criança mais habita, que é a escola”.

Quelhas conta que além da avaliação, a equipe orienta todo o corpo pedagógico. “Temos de dizer como devem incentivar a escovação, além de participarmos das reuniões de pais, uma forma de agregar conhecimento a todos que cuidam dessas crianças para que a saúde bucal esteja em dia”, explica.

A artesã Erica Brolocci, 39 anos, mãe de Lucas, 6, estudante na Emeb Áureo Cruz, em São Bernardo, disse que esse atendimento é importante, pois os familiares começam a prestar mais atenção em coisas que na rotina acabam passando despercebidas.

O atendimento no município começa com crianças da creche e vai até alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos). A cidade, inclusive, realiza atendimento específico em relação à alimentação de crianças com restrições alimentares.

“Meu filho gosta muito. Toda vez que vai algum especialista (na escola), ele comenta em casa e acha interessante, porque para eles tudo é novidade. Ele chega contando tudo o que fizeram, o que falaram e me orienta. É muito legal”, conta Erica.

A mãe diz que o pequeno Lucas acaba cobrando em casa as coisas que ouve na escola, e, muitas vezes, lembra do que os especialistas explicaram. “No ano passado, ele bateu a boca na cabeça de um amiguinho enquanto brincava. O dentinho acabou ficando mole. Levei-o no posto, por orientação da escola e tive um superatendimento”, lembra a artesã.

Para Rivane Bocchi, 41, vice-diretora da unidade, o trabalho tem agregado tanto para os alunos quanto aos profissionais e pais. “O atendimento que fazem aqui está saindo do portão da escola e chegando às casas. Isso tem muito valor. Sem contar a aceitação das crianças, que é maravilhosa. Elas pegaram muita confiança nos profissionais e até criam um carinho por eles”, comemora.

Cinco municípios da região mantêm atendimento à rede

O PSE (Programa Saúde na Escola) é realizado em parceria entre as secretarias de Saúde e de Educação porque o trabalho depende da integração de profissionais das duas áreas.

Em São Bernardo, especialistas de 34 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) que também integram o PSF (Programa Saúde da Família) visitam regularmente as escolas para realizar os exames. Neste ano foram pactuadas 127 escolas, sendo que 103 são consideradas prioritárias (creches e crianças beneficiadas pelo Programa Bolsa Família).

Santo André desenvolve o projeto em 14 instituições de ensino, sendo 12 Emeiefs (Escolas Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental) e duas creches. O projeto envolve média de 80 profissionais.

Já em São Caetano o trabalho é feito com todas as escolas municipais de ensino infantil e fundamental que possuem o período integral. Além das equipes da Estratégia Saúde da Família, outros equipamentos de Saúde também estão se envolvendo nessa ação, como Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Vigilância Sanitária e Epidemiológica, Zoonose e Hospital Municipal de Emergência Albert Sabin.

Em Mauá, ao todos são assistidas 41 escolas. Além disso, a gestão envolve, conforme termo de compromisso assinado, 84 equipes da Atenção Básica das UBSs.

Ribeirão Pires abrangerá total 33 escolas municipais, com alunos de até 11 anos e cerca de 925 profissionais.

As demais prefeituras não retornaram até o fechamento desta edição.