Setecidades Titulo Superstição
Interpretação errada
cria fim do mundo

Especialistas garantem que calendário Maia aponta para
início de novo ciclo de vida na Terra melhor e mais farto

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
21/12/2012 | 07:00
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Pode ficar despreocupado: se você está lendo esta reportagem, o mundo não acabou. Pelo contrário, pode começar agora a desejar feliz Ano-Novo para a família no café da manhã ou para o colega do escritório. Isso porque se encerra um ciclo de 5.125 anos do calendário da civilização maia, e inicia-se outro que, na crença desse povo da América Central, será melhor e mais farto. Portanto, prepare as taças e faça um brinde ao novo ciclo.

Conforme o professor de História da Anhanguera UniABC, Agostinho Nunes de Brito, o boato de que o mundo acabaria ao meio-dia de hoje se deu por interpretações erradas do calendário maia. Portanto, não haverá tsunamis, furacões e terremotos, nem a destruição total do planeta, como muitos temem. "Alguns estudiosos e esotéricos focaram apenas na parte ruim da previsão, que é o término de um tempo. Esqueceram de destacar o início do outro ciclo que, para os maias, promete ser muito melhor que esse que passou."

A reitora da Universidade Holística Casa de Bruxa, Tânia Gori, vai além: ela acredita que os maias previram que o ser humano se tornaria individualista como é hoje em dia e, ao fim do ciclo de 5.125 anos do calendário, voltaria a olhar para o lado e enxergar o próximo e a natureza. "Precisamos voltar a nos integrar com o mundo em que vivemos, e a disposição de energias desta sexta-feira está propícia para tal", garante.

Tânia destaca que, além do novo ciclo maia, hoje é o início do verão, estação que simboliza harmonia e bem-estar. "E na quinta-feira ainda entramos na lua crescente, que nos impulsiona e nos movimenta para fazer a vida acontecer diariamente."

A Casa de Bruxa, inclusive, realizou ritual às 17h19 para receber as boas vibrações da entrada da fase da lua, como forma de iniciar as comemorações para hoje. A bruxa garante que, quem se preparar e focar na energia positiva, terá muitas mudanças boas pela frente a partir de hoje. "Não é o fim do mundo, mas sim o início de uma mudança positiva de atitude."

A astróloga de São Caetano Solange Klai garante que não haverá nada de diferente na disposição das estrelas ou dos planetas. Ela também não acredita em fim do mundo. "Tudo estará normal, então é bom não abusar do cartão de crédito, pois no ano que vem as contas estarão todas aí para serem pagas", brinca.

PROGRAMAÇÃO

Para quem quiser receber o Ano-Novo maia com as energias renovadas, a Casa de Bruxa organiza ritual ao meio-dia de hoje, horário em que o calendário inicia o ciclo. O objetivo, segundo Tânia, é atrair prosperidade e harmonia e ingressar nesta fase com o pensamento renovado.

Já o grupo Poucas Trancas, de Santo André, promete agito no Grito de Carnaval do Fim do Mundo, a partir das 21h12, no Castelinho Bar (Praça Rui Barbosa, 100, bairro Santa Terezinha). "A entrada é gratuita, afinal, dinheiro não será mais problema", garante um dos integrantes da banda, Rodrigo Régis.

Nas ruas, profecia não assusta população do Grande ABC

A população do Grande ABC faz piada nas ruas às vésperas do fim do mundo. Poucos creem que o planeta possa mesmo acabar hoje.

"Se as pessoas acreditassem que tudo vai ter um fim, não estariam gastando tanto com compras de Natal, afinal, a data não chegaria mesmo", diverte-se a socióloga Aline Monteiro, 42 anos.

O aposentado Joaquim Ribeiro de Souza, 67, é mais sério e lembra que quem está acabando com o planeta são os seres humanos, e não as profecias. "Poluímos e destruímos a natureza e, enquanto isso, inventamos desculpas como os maias e Nostradamus para justificar nossas ações contra o lugar onde vivemos."

O geógrafo Sérgio Fontanelle Nabuco, 38, concorda com os especialistas ouvidos pelo Diário e vê como erro de interpretação a preocupação de que o mundo acabaria hoje. "É uma parte da crença maia que ficou fora de contexto."
Alguns são fatalistas, como a atriz Mariana Nogueira, 23. "O mundo já acabou, mas não queremos aceitar. Ninguém respeita ninguém, está tudo perdido."

Mesmo com a maioria afirmando não acreditar na profecia, o motoboy Joel Silveira, 29, tem lá suas dúvidas. "Só acredito que é mentira quando tudo estiver normal amanhã (hoje)."

Em Goiás, Alto Paraíso vira refúgio para supersticiosos

A pequena cidadezinha de Alto Paraíso, no interior de Goiás, é vista por esotéricos como local protegido de qualquer catástrofe. Por isso mesmo, moradores e autoridades da região esperam receber hoje 15 mil turistas, mais que o dobro da população atual de 6.885 habitantes, segundo o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Todos estão interessados em apenas uma coisa: estar nesse paraíso brasileiro caso o fim do mundo resolvesse mesmo chegar.

Místicos explicam que, por ser cortada pelo paralelo 14, uma das linhas que mede a latitude do planeta e que também atravessa Machu Picchu, no Peru, e por estar sobre placa de 4.000 metros quadrados de quartzo, Alto Paraíso seria refúgio ideal contra qualquer desastre. Isso porque a força dos cristais protegeria a cidade das profecias apocalípticas.

Localizado a 230 quilômetros de Brasília e 410 quilômetros de Goiânia, o município está a 1.300 metros de altitude do nível do mar, e abriga o ponto mais alto da região Centro-Oeste, com 1.691 metros de altura.




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