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Tragédia no Morumbi muda rotina do futebol brasileiro

Clubes intensificam cuidados com a saúde dos jogadores após morte de Serginho em campo

Thiago Bassan
27/10/2014 | 07:02
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Dez anos que mudaram a história do futebol brasileiro. O 27 de outubro de 2004 entrou para a história como o dia que marcou o início de uma revolução no esporte nacional em relação aos cuidados com a saúde dos atletas. Na ocasião, o zagueiro Serginho, do São Caetano, morreu no gramado do Morumbi enquanto enfrentava o São Paulo pelo Campeonato Brasileiro. De lá para cá, muita coisa mudou no que diz respeito ao tratamento aos jogadores. Os clubes passaram a investir mais em exames e na qualidade de vida dos esportistas dentro e fora dos campos.

O São Caetano, por sua vez, sofreu com as punições ao presidente Nairo Ferreira de Souza, que ainda hoje se emociona ao falar do caso (leia mais na página 3), e ao médico Paulo Forte. Porém, nenhum dos envolvidos no caso foi responsabilizado pela morte do então defensor.

Após o fato, mudanças vieram à tona no futebol nacional. Com equipamentos modernos, exames diagnosticados quase sem margem de erro praticamente anulam a possibilidade de a história de Serginho se repetir. Prova disso foram os casos dos jogadores Fabrício Carvalho, Washington, Adílson, Diogo Sacoman e Doni, entre outros, obrigados a suspender ou até a encerrar as atividades profissionais para cuidar de problemas cardíacos.

A morte de Serginho é discutida até hoje por atletas, técnicos, dirigentes, jornalistas e demais pessoas ligadas ao futebol. Teria o São Caetano conhecimento sobre a gravidade do caso? Seria o clube o maior interessado em esconder a questão uma vez que o atleta estava na mira do francês Olympique de Marselha? Dez anos depois, Nairo e Paulo Forte seguem exercendo as profissões normalmente.

Por outro lado, a morte do ex-jogador causou enormes problemas para profissionais do clube que presenciaram a trágica cena, como o ex-massagista Itamar Patrocínio Rosa (leia mais na página 7).

O Incor (Instituto do Coração) disse, na época, que teria avisado ao clube sobre o problema grave de Serginho, o que é negado veementemente pelos corpos diretivo e médico do São Caetano (leia na página 5).

Fato é que o caso acabou arquivado na esfera criminal. Na esportiva, o São Caetano foi punido com a perda de 24 pontos no Brasileiro de 2004. Mesmo assim, escapou do rebaixamento à Série B. Em 2015, o clube disputará a última divisão do futebol nacional, a D. Mas o aspecto psicológico pela morte do ex-jogador abala até hoje o clube.

Serginho deixou um filho, Paulo Sérgio, hoje com 14 anos e morador de São Caetano. Ele, porém, não seguiu os passos do pai e se especializou em outro esporte, o judô. A mãe e viúva Helaine Cunha também vive na cidade e trabalha como atendente de telemarketing. Apesar de procurada pela equipe do Diário, não quis falar.

Para a torcida, principalmente a do São Caetano, ficou a lembrança do zagueiro jovem, viril, eficaz e que fazia os torcedores irem ao estádio com a certeza de que o adversário não teria vida fácil pela frente. Mais do que isso, ficou a saudade, ainda hoje compartilhada pelos companheiros Ânderson Lima e Dininho.   




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