O PT de Diadema decidiu ontem ficar neutro no segundo turno da eleição e liberar o voto para a militância, mas, nos bastidores, trabalha pela candidatura do oposicionista Vaguinho do Conselho (PRB), que concorre ao comando do Paço contra o atual prefeito, Lauro Michels (PV).

Na noite de ontem houve segunda reunião do petismo para discutir o processo eleitoral após o partido não ir para a etapa final do pleito – o vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, alcançou 31.921 votos, insuficientes para tirar Lauro ou Vaguinho da disputa.

Por orientação majoritária, a direção optou por não apoiar formalmente os nomes do segundo turno e liberar os militantes, pedindo, contudo, que evitem votar em Lauro Michels.

O encontro foi conduzido pelo vice-presidente do diretório do PT, o ex-vice-prefeito Joel Fonseca. Mandatário do petismo na cidade, o ex-prefeito Mário Reali alegou problemas particulares. O também ex-chefe do Executivo e ex-deputado José de Filippi Júnior foi outra ausência notada – ele já não tinha aparecido na reunião da executiva da legenda, na sexta-feira.

Extraoficialmente, petistas já trabalham na campanha de Vaguinho. Na semana passada, nomes do partido participaram de reunião com a cúpula do projeto eleitoral liderado pelo vereador do PRB e até criticaram a passividade do discurso do republicano, que, na visão de militantes do PT, está suavizado nos ataques ao prefeito do PV. Nas redes sociais, filiados ao petismo já estampam frases de apoio a Vaguinho.

A estratégia da oposição, no entanto, é evitar o apoio oficial como forma de não transferir a rejeição do PT à candidatura de Vaguinho, que se apresenta como alternativa na cidade.

No primeiro turno, Lauro terminou à frente, com 93.772 votos contra 42.596 de Vaguinho. Na lista de votos válidos, a diferença foi de 48,1% a 21,85%. Ou seja, o republicano sabe que necessita dos votos de Maninho para reverter a situação e desbancar a administração.

Outra tática era absorver o apoio explícito de Taka Yamauchi (PSD), quarto colocado no pleito com 23.518 votos. O pessedista, porém, anunciou ontem que ficará neutro.

A orientação pela liberação do voto e neutralidade do diretório não foi defendida por todos os grupos do partido. Algumas alas queriam reforçar que nem Lauro nem Vaguinho representariam os ideais de governo da legenda, mas esse posicionamento acabou derrotado internamente.

Joel Fonseca não retornou aos contatos da equipe do Diário para falar sobre a posição do partido em Diadema. Foi a primeira vez na história que o PT ficou longe do protagonismo na eleição em Diadema, primeira cidade a conferir a um petista mandato de prefeito, em 1982.