O anúncio de que o PDT caminhará ao lado do PT na eleição municipal deste ano, em Santo André, envolve muito mais questões do que simplesmente o aumento do leque de apoios em torno do nome do deputado estadual Vanderlei Siraque, pré-candidato a prefeito pelo grupo governista. A união definirá não apenas o futuro, mas, principalmente, o presente do PDT na cidade.

Terceira maior bancada na Câmara, a sigla vinha adotando postura independente no Legislativo. Em outras palavras, deixou de votar projetos do governo. Agora, porém, a situação deve se inverter em função do acordo. No entanto, segundo informações, a coligação criou uma situação desconfortável entre os três representantes da legenda na Casa.

O motivo apontado é que a maioria dos vereadores não estaria à vontade com a união. Carlos Ferreira, único eleito pelo partido em 2004, sempre se colocou como oposição ao PT. Depois das trocas de cadeiras na Câmara, os pedetistas ganharam mais dois parlamentares: Heleni de Paiva, ex-PT, e Samuel Siqueira, que deixou o PSDB - pois votou com o PT - para ingressar no PSC, o qual saiu para se filiar ao PDT.

Mas Heleni, líder do PDT no Legislativo, trava batalha judicial com o antigo partido, o qual reivindica o mandato dela sob a alegação de infidelidade partidária.

Assim, apenas Siqueira estaria em situação mais tranqüila com o impassse.

Adonis Bernardes, presidente municipal do PDT, rechaçou qualquer mal-estar entre a direção da legenda e a bancada de vereadores. "O partido, em um processo maduro, entendeu que as questões de interesse político e de construção de programa para a cidade estão acima dos interesses individuais e localizados. Os nossos vereadores entenderam isso perfeitamente e estão juntos na unidade estabelecida pelo PDT", argumentou.

No evento de formalização do apoio pedetista ao grupo governista, apenas Heleni não compareceu. Segundo Adonis, a parlamentar estava lecionando (ela é professora de direito). "Esse é o motivo, até porque a Heleni foi uma das principais vozes a ajudar neste processo de construção de unidade interna."

Presente - Questionado se o PDT assumiria posicionamento de bancada de sustentação no Legislativo, Adonis afirmou que a questão ainda não está definida. "É claro que a Câmara atual não tem compromisso com esse acordo, mas essa questão passa a ser um processo natural. É evidente que a defesa da administração neste momento passa a ser um ponto necessário", ressaltou.

"Mas, antes de qualquer coisa, devemos nos reunir com a bancada e com o PSB e o PV para tentar adotar uma postura única na Câmara", argumentou, referindo-se à gratidão pelos partidos que defendem a indicação do sindicalista Cícero Firmino da Silva, o Martinha, como vice do PT.

Nenhum dos três vereadores pedetistas foi localizado para comentar a situação.