Turismo Titulo Panamá
Panamá em festa

Canal comemora centenário dando orgulho à população e atraindo olhares de turistas e comerciantes.

Por Raija Camargo
Do Diário do Grande ABC
14/08/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


sxc.hu

Símbolo de um país que abriga mais de 3 milhões de habitantes, o Canal do Panamá, que completa 100 anos de atividades ininterruptas amanhã, surpreende com sua magnitude e dezenas de peculiaridades. Durante um século, a ousada passagem mais de 80 quilômetros de extensão – entre os oceanos Atlântico e Pacífico – consolidou-se como uma das maravilhas modernas. Essa grande obra de engenharia mudou, inclusive, os rumos da navegação do século 20, além de ostentar imensa importância econômica e social.

É por essas e outras que ir ao Panamá e não admirar o canal é como ir a Paris e ficar de costas para a Torre Eiffel, ou ir a Roma e não dar um pulinho no Vaticano. As três eclusas (Pedro Miguel, Gatún e Miraflores) são abertas para visitação, porém uma em especial é a preferida da maioria dos visitantes.

Além da proximidade com a capital, a eclusa de Miraflores possui centro histórico, no qual os turistas podem aprender mais sobre o canal, visitar exposições e ainda assistir a rápidas sessões de cinema. Um guia do local ‘narra’ as chegadas e partidas das embarcações. O passeio, com tudo incluso custa, em média, US$ 15 por pessoa e não demora mais de quatro horas. Bom programa para quem só está de passagem pelo Panamá.

Há também a opção de contemplar o local por um ângulo especial, a bordo de uma lancha. Os visitantes viajam durante 45 minutos até a cidade de Gamboa, onde pegam a embarcação com destino a Gatún. Essa barragem represou as águas do Rio Chagres e inundou área de 423 quilômetros quadrados, dando origem ao maior lago artificial do mundo. Quando as águas baixaram, ficou imensa biodiversidade, lar de rica fauna e flora. O roteiro, que acontece aos sábados e dura meio dia, conta com explicações de um guia. No pacote está incluso almoço em meio à natureza.

MOVIMENTADO

Cerca de 40 embarcações atravessam o Canal do Panamá diariamente pela estreita passagem de 32 metros de largura. A travessia dura até dez horas e é auxiliada por locomotivas, que guiam os navios até o outro lado do canal, mantendo-os totalmente alinhados e intactos. Esse processo envolve cerca de 300 homens trabalhando em cada cargueiro.

No trajeto, a embarcação passa por três eclusas, reguladas por 46 comportas. A primeira, no lado do Atlântico, é a Gatún, que eleva a embarcação 26 metros até lago artificial. O navio chega à eclusa de Pedro Miguel, onde a abertura das comportas o rebaixa até o nível do Lago de Miraflores, dono da última eclusa, que declina mais a embarcação até que atinja as águas do Pacífico. É um passeio inesquecível.

Banco de Dados 

Passagem sempre foi muito disputada - O trecho mais estreito das Américas, um atalho para o Oriente, exibe grandiosidade histórica. Isso porque sua posição estratégica atraiu os olhares do mundo quando o Panamá era província da Colômbia.

O local foi alvo da cobiça de grandes potências, principalmente porque reduziu o caminho para as Índias. Sua existência poupava mais de 15 mil quilômetros de quem pretendia contornar a América do Sul pelo Estreito de Magalhães, na Patagônia.

A construção da passagem ocorreu num contexto de interesse econômico, militar e geopolítico dos Estados Unidos, que incitaram o movimento separatista panamenho a fim de obter a concessão do canal. O que foi negado pelo governo colombiano. Os franceses, sob o comando do engenheiro Ferdinand de Lesseps, construtor do Canal do Suez, já haviam feito tentativa frustrada em 1879, que consumiu 20 anos, US$ 250 milhões e mais de 20 mil vidas. Essa foi a chance de Theodore Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, que desembolsou US$ 40 milhões pelas ações da antiga companhia francesa e assumiu o comando das obras.

Proclamada a independência do país, em 1903, foi assinado o tratado de Hay-Bunau-Varilla, garantindo aos norte-americanos o domínio perpétuo sobre cerca de 15 quilômetros. O negócio girou em torno de US$ 10 milhões, mais um arrendamento anual de US$ 250 mil. O início da construção demandou investimento de US$ 360 milhões e mão de obra de 35 mil homens. Durante o processo morreram, ao menos, 5.000 trabalhadores, vítimas da malária e febre amarela.

Entre mortos e feridos, em 15 de agosto de 1914 foi aberto. O país só ficou com o canal em 1999, quando os Estados Unidos abriram mão da ocupação militar. A retirada das tropas foi fruto do tratado Torrijos-Carter, anulando o original, que garantia controle permanente.

Panamá não é o único país que possui seu próprio canal

> SUEZ: Localizado no Egito, foi inaugurado em 1869 com 160 quilômetros de comprimento, 170 quilômetros de largura e 20 metros de profundidade. Liga o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Diferentemente do Canal do Panamá, não possui comportas.

> MANCHA: Separa a ilha da Grã-Bretanha do Norte da França, unindo o Mar do Norte ao Atlântico. A circulação é intensa, com cerca de 250 navios por dia e 563 quilômetros de comprimento. Tem grande importância para a Inglaterra, pois salvou o país de ser invadido algumas vezes. Em 1994, foi inaugurado sob o local túnel que liga a França e a Inglaterra.

> KIEL: Situado na Alemanha, é artificial e tem 98 quilômetros de extensão. Liga o Mar do Norte ao Mar Báltico, poupando 519 quilômetros de navegação, além de fortes tempestades marítimas que ocorrem na Península de Jutlândia – percurso utilizado antes da construção do canal, em 1948.

> CORINTO: O canal foi escavado no fim do século 19 e possui mais de seis quilômetros de comprimento e apenas 21 metros de largura, o que impede a passagem de cargueiros internacionais. A obra foi finalizada em 1893, trouxe vantagens econômicas para a região e encurtou as viagens em 400 quilômetros.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.

Mais Lidas

;