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Marinheiros britânicos dizem ter sofrido pressão psicológica
Da AFP
06/04/2007 | 16:50
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Os 15 marinheiros britânicos libertados depois de 13 dias pelo Irã afirmaram, nesta sexta-feira, que não estavam em águas iranianas quando foram presos e que durante seu cativeiro foram vendados, algemados e separados de sua colega, a única mulher do grupo, para que confessassem que haviam invadido o território da República Islâmica. O governo iraniano imediatamente classificou de 'show propagandista' a coletiva de imprensa dos marinheiros britânicos.

De volta à Grã-Bretanha, onde chegaram na véspera, os militares contaram que não opuseram resistência porque temiam por sua vida e que foram ameaçados com sete anos de prisão se não confessassem ter sido capturados em águas iranianas.

Tal como Londres assinala desde sua captura em 23 de março, os marinheiros insistiram que se encontravam em águas do Iraque no momento em que foram abordados pelo Irã. "Quando nos prenderam, estávamos em águas territoriais iraquianas internacionalmente reconhecidas e posso afirmar, sem dúvida, que nos encontrávamos a 1,7 milhas náuticas (3,15 km) das águas iranianas", afirmou o tenente Felix Carman, falando em nome de seus companheiros.

Por sua parte, a única mulher do grupo, Faye Turney, teria sido submetida a um "tratamento particular e utilizada como instrumento de propaganda" pelas autoridades iranianas, segundo declarou o grupo em coletiva de imprensa na base britânica de Chevinor.

Segundo o tenente Carman, no dia seguinte ao da detenção, os marinheiros foram levados de avião para Teerã e depois aprisionados. "Tínhamos os olhos vendados, as mãos amarradas e fomos obrigados a ficar de frente para uma parede enquanto ouvíamos barulhos de armas. Enfrentamos constantes pressões psicológicas e emocionais", enfatizou. "Estávamos isolados. Fomos interrogados durante a primeira noite e confrontados com duas opções: se admitíssemos ter entrado em águas iranianas, nos colocariam rapidamente num avião com destino à Grã-Bretanha. Se não fizéssemos isso, enfrentaríamos até sete anos de prisão", declarou o tenente.

"Turney foi separada de nós desde que chegamos e presa numa cela muito apertada", declarou outro militar, o capitão Chris Air. "Durante quatro dias disseram a ela que todos nós havíamos voltado para casa e que ela era a única que continuava lá", acrescentou.

As autoridades iranianas difundiram durante seu cativeiro vários vídeos e três cartas atribuídas a esta militar de 26 anos nas quais admitira que seu grupo havia violado as águas iranianas.

Por sua parte, o governo iraniano classificou de "propaganda" essa coletiva de imprensa. "A propaganda e o 'show' não podem encobrir a violação por parte do exército britânico da fronteira marítima da República Islâmica e suas repetidas entradas ilegais", declarou o porta-voz da chancelaria iraniana, Mohamad Ali Hosseini.

A Casa Branca, por sua vez, considerou "infeliz e extremamente lamentável" o tratamento recebido pelos militares britânicos. "Se o que descreveram é exato, e não tenho razão para acreditar que não seja... então esse não parece ser um comportamento ou ação apropriados", afirmou o porta-voz de Segurança Nacional, Gordon Johndroe.

Já Londres questiona as zonas obscuras que cercam a captura e detenção de seus 15 marinheiros, e questiona o papel da república islâmica no Iraque, onde quatro de seus soldados morreram na quinta-feira na explosão de uma bomba. Os britânicos se esforçavam para determinar se o artefato utilizado no atentado executado em Basra era de concepção ou fabricação iraniana, como suspeitam os militares.

Uma porta-voz do ministério da Defesa (MoD) confirmou nesta sexta-feira o início de uma "investigação profunda" sobre as circunstâncias nas quais foram capturados em 23 de março os 15 marinheiros, que permaneceram detidos durante 13 dias no Irã.

Segundo o almirante Jonathon Band, esta investigação também examinará os procedimentos e as regras de combate da Marinha, assim como os equipamentos dos marinheiros e soldados. De acordo com a BBC, a Royal Navy suspendeu suas operações de controle no norte do Golfo até o fim da investigação.




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