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Petistas e tucanos divididos por candidatos preferidos
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
17/01/2010 | 07:01
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Os dirigentes partidários de PT e PSDB do Grande ABC estão divididos quanto à escolha de seus candidatos que disputarão o governo de São Paulo em outubro. O cenário encontrado na região é o mesmo apresentado pelas cúpulas estadual e nacional das legendas: a dúvida.

Os tucanos têm posição pouco mais definida quanto à questão, com apenas dois nomes potenciais na disputa pela possibilidade de correr atrás de votos a partir de julho, embora muitas lideranças prefiram ficar em cima do muro ao opinar publicamente sobre a aposta em Geraldo Alckmin (secretário de Desenvolvimento) ou em Aloísio Nunes (secretário da Casa Civil).

Segundo o coordenador regional do PSDB, Cezar de Carvalho, mais de 90% dos militantes tucanos das sete cidades preferem a tentativa do ex-governador retornar ao comando do Palácio dos Bandeirantes. "Temos de analisar critérios objetivos no momento da escolha. Nas últimas pesquisas de opinião, em média, 50% do eleitorado votaria em Alckmin. Isso não pode ser desconsiderado", avalia.

"Vamos aguardar as próximas semanas, em que as coisas vão ser mais claras. Sentimos, dentro da legenda, que há afinidade maior por Alckmin. Há um campo minoritário pró-Aloísio, que pleiteia legitimamente a condição de candidato", pontua Carvalho.

O fato de o quadro já estar quase definido dentro da sigla se deve também a outro fator. Em uma possível disputa de prévia entre os dois pleiteantes, o governador José Serra (PSDB) - virtual candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - sairia perdendo tanto em situação de vitória de Alckmin quanto de Aloísio.

Com o êxito de Alckmin, Serra teria de explicar porque deixou ocorrer o embate interno, já que o panorama estava extremamente favorável ao ex-comandante do Estado. Em caso de sucesso de Aloísio, como explicar a retirada de cena do pré-candidato líder das pesquisas. E mais: o governador teria de se esforçar em seu próprio território para alavancar a campanha do chefe da Casa Civil paulista, pouco conhecido do eleitorado.

Por esses motivos, o lançamento de Alckmin ao governo estadual é quase certo e tem apoio praticamente unânime. Na região, um dos que são declaradamente a favor de Aloísio Nunes é o deputado estadual por Diadema José Augusto.

O presidente do PSDB de Santo André, José Luiz Cestari, ressalta que, apesar de a convergência da sigla seja apoiar Alckmin, é preciso aguardar a definição por parte, principalmente, do governador José Serra, que deve indicar o sucessor. "Vamos esperar a (executiva) estadual. É cedo para tomar qualquer posição. As reuniões que afunilam a decisão começam em fevereiro", afirma, cauteloso.

Situação do PT é complexa, pois tem cenário conflitante

A situação dos petistas é mais complexa. O cenário é conflitante, mesmo entre as cúpulas estadual e federal. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alguns companheiros mais próximos inclinam para lançar o deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP) ao governo de São Paulo com apoio do PT, o próprio diretório paulista do partido definiu no ano passado que a tendência é lançar chapa com quadro da sigla na cabeça.

Nesse sentido, são muitas as possibilidades da legenda que deu os primeiros passos no Grande ABC. Além do socialista, estão na disputa o ministro da Educação Fernando Haddad, os deputados federais Arlindo Chinaglia e Antônio Palocci, o prefeito Emídio de Souza (Osasco), os senadores Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante e a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy.

Diante de tantas alternativas, o apoio também se divide, já que a base interna do PT é formada por diferentes alas. As tendências mais à esquerda defendem candidatura própria, outras mais ao centro tendem a seguir a pretensão de Brasília. Cada uma delas tem representatividade nos diretórios.

"Um cenário melhor vai se consolidar a partir de fevereiro. Nem mesmo os tucanos definiram sua estratégia. Está muito complicado ainda", opina o coordenador do PT na macrorregião, Humberto Tobé.

Assim como os dirigentes locais do PSDB, os petistas concedem neste momento livre arbítrio à militância para optar pelos seus preferidos. "Nosso objetivo é promover o debate organizado sobre as melhores possibilidades", destaca Tobé.

O petista, no entanto, é enfático ao afirmar que não crê em prévia, mesmo com a situação abrangente. "O Lula não quer. Santo André é um exemplo regional negativo do desgaste que a concorrência interna pode gerar", avalia o coordenador, referindo ao processo de escolha do candidato a prefeito em 2008, o qual dividiu o partido e acarretou em posterior derrota nas urnas.




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