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Breve reflexão sobre coisas do bem e do mal
Rodolfo de Souza
04/04/2019 | 07:00
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Tenho andado meio desanimado ultimamente, amigo leitor. Talvez porque o mal dá indícios de estar vencendo o bem por longa vantagem no placar, é que, volta e meia, me pego cabisbaixo, com vontade de jogar a toalha. Contrariando o meu sentimento, no entanto, especialistas em assuntos bíblicos ou espiritualistas de um modo geral são unânimes neste quesito ao afirmarem que o bem sempre vence o mal. Serve como consolo, embora a dúvida continue a pairar quando olho ao redor. Não sei quanto a você, meu caro, mas a sensação é de desalento no instante em que tenho de engolir com casca e tudo a vitória daquele para quem a violência é a fonte de todas as boas coisas. Violência sob todas as formas, contra tudo e contra todos é a bandeira pela qual lutam alguns. Não poucos. As trevas, afinal, nunca exerceram domínio tão grande sobre o mundo como em dias atuais. É o que penso e tomo como verdade. Não sei se está de acordo, já que é imenso número de pessoas que dormem anestesiadas enquanto a vida prossegue seu curso, aos trancos e barrancos...

A brutalidade, em suas várias facetas, é, pois, disseminada por toda a parte, e é o elixir que garante vitalidade e farto entusiasmo a uma plateia que ama sobremaneira o ataque ao semelhante. Por quê? Semelhante significa mais ou menos igual, não é isso? Mas, então, por que motivo um sente desejo compulsivo de ver a ruína do outro?

Este é, aliás, um dilema sobre o qual tenho me debruçado com alguma frequência, na expectativa de descobrir a causa e, quem sabe, um antídoto.

Todavia, acabo por sucumbir ao desânimo principalmente quando uma simples conversa é objeto de repúdio e me faz deitar a pena sobre esta tela digital, como num vigoroso protesto. 

Trata-se, o interlocutor em questão, de pessoa que, em tudo, lembra esse lado obscuro da vida. Gente habituada a usar as garras no lugar do cérebro para resolver questões que lhe impingem alguma dificuldade. É, pois, na voz de comando e na intimidação que procura se impor. Não que, em algum momento, tenha passado pela minha cabeça a ideia presunçosa de me julgar superior a ela. Isso não! Entretanto, cabe-me aqui citá-la como forma de ilustrar o conteúdo desta reflexão, sina de quem se encontra às voltas com a presença nefasta de tipos assim a todo momento, em qualquer canto.

Tentei, então, esquecê-la, ainda que meio atordoado com o mal-estar oriundo da energia negativa que sobreveio de sua fala e, sobretudo, do seu olhar, indicativo do seu apreço nenhum pelo bom relacionamento entre as pessoas. 

E foi noutro ambiente, longe da atmosfera lúgubre de antes, que fui surpreendido pela boa conversa de alguém que esbanjava simpatia, exibindo sorriso amável. Só para me contrariar no conceito que vinha elaborando deste mundo cão, um ser humano, escolhido a dedo, atravessou o meu caminho naquele momento, e me fez lembrar que há uma contrapartida para tudo, inclusive, para a cara feia de minutos antes, com poder de roubar a disposição e até mesmo a saúde alheia.

De semblante jovem, embora aparentando idade madura, a mulher, porque se tratava de uma mulher, sem se dar conta, mostrou-me, por meio da alegria espontânea, que nem tudo está perdido e que é hora de erguer a cabeça e seguir adiante. E ela nem soube disso.




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