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Serra do mar: passeio tem mais turista do que vagas
Por Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
14/11/2004 | 16:07
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Desde que o velho caminho do mar foi reaberto à visitação pública, em abril, 19.033 pessoas já fizeram o roteiro histórico e ecológico da serra do mar. No entanto, outras 32,8 mil tentaram, mas não tinham conseguido até o mês passado participar do passeio a pé com saída de São Bernardo e chegada em Cubatão. A procura é tanta que, hoje, se alguém tentar agendar um dia para descer a serra velha só conseguirá fazer a reserva para a segunda quinzena de dezembro. E é preciso uma dose de paciência e persistência para que o candidato ao passeio seja bem-sucedido, já que as duas linhas telefônicas de Cubatão para informações aos turistas estão quase sempre congestionadas.

Nesses sete meses, o governo do Estado avaliou a demanda de público para o passeio e, com o resultado em mãos, promete melhorar, mas não atender toda a demanda reprimida. O governo diz que vai duplicar o número de visitas no ano que vem. Para isso, constatou que é preciso melhorar a infra-estrutura: contratar mais monitores, construir mais banheiros e facilitar os meios de transporte até a saída do passeio, em São Bernardo, por exemplo. “A proposta vai ser analisada pelo comitê gestor (formado pelas secretarias estaduais de Cultura e Meio Ambiente, Emae – Empresa Metropolitana de Água e Energia –, Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A –, e pelo Instituto Florestal)”, disse Júlio Velardi, coordenador regional do litoral centro do Instituto Florestal. Apesar de ainda não haver data marcada para a reunião acontecer, Velardi diz que ela ocorrerá em breve e a ampliação deve ser aprovada por todos os envolvidos.

Hoje, existem 19 monitores trabalhando no Projeto Pólo Turístico Caminhos do Mar, e o diretor executivo da Fundação do Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, Carlos Dêgelo, busca parceiros para treinar nova equipe de cerca de 20 jovens, que irá prestar serviços eventuais ao Pólo.

De terça a sexta-feira, cem pessoas participam diariamente do passeio. São grupos que descem a serra acompanhados por monitores. Aos sábados e domingos, é permitida a visitação de 200 pessoas por dia. Esses números devem dobrar no próximo ano. Porém, não deve haver tempo hábil para que isso ocorra no primeiro semestre de 2005.

Ingresso pago – Hoje, para fazer a trilha de cerca de 8 km, o visitante não paga nada, ou quase nada. Apenas estudantes de escolas particulares encaminhados por empresas de turismo pagam ingresso de R$ 3 por pessoa. No entanto, no ano que vem, o passeio deverá ser cobrado. “Ele terá um valor social, de baixo custo. Estarão isentos pessoas de terceira idade e estudantes de escolas públicas, que apresentem comprovante de matrícula”, afirmou o diretor da Fundação do Patrimônio, Carlos Dêgelo.

Tanto o dinheiro arrecadado hoje como o que será arrecadado no próximo ano, é e será destinado ao custeio de manutenção do projeto, que é bancado pelo patrocínio de empresas privadas e pela Emae.

O comitê gestor do Pólo estuda para o próximo ano também a criação de novos roteiros de trilhas na calçada do Lorena, que serviu de caminho para tropeiros no passado, no meio da mata, entre o Planalto e o litoral, e é um dos pontos altos da descida da serra.

A paisagem na estrada velha é rica em vegetação de Mata Atlântica. Do topo da serra, é possível avistar todo litoral Sul, e no decorrer do percurso, os guias explicam os significados dos monumentos históricos construídos na década de 1920.

Experiência – Há cerca de 20 dias, começou a funcionar em caráter experimental um programa de visitas de escolas públicas ao Pólo, que inclui o transporte dos estudantes ida-volta da escola e orientação com apostilas para os professores. “Até dezembro, devem participar mil alunos. No ano que vem, nossa estimativa é de que 15 mil façam o roteiro”, explica o diretor da Fundação do Patrimônio Histórico, Carlos Dêgelo.

Como os turistas caminham apenas pelo asfalto, não deve haver dano ambiental, com o aumento de visitação. “Tendo uma boa monitoria, não terá problema. Os visitantes têm de ser orientados para não retirarem plantinhas na beira da estrada etc. Afinal, é um projeto positivo, com ecoturismo e turismo histórico. Quanto mais se usar, mais será preservado”, afirmou o arquiteto e museólogo Julio Abe .

“Já fiz cerca de 300 monitorias até hoje. Não é monótono. Continuo a aprender novas coisas e esse trabalho deu incentivo para eu prestar vestibular para a faculdade de gestão ambiental”, afirma a monitora Natallie Pellecchia, 20 anos, do Programa de Jovens da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo de Paranapiacaba, de Riacho Grande.

Na semana passada, alunos da EE Francisco Prisco, de Ribeirão Pires, desceram a serra. O estudante Vanderlei Dias da Silva, 14, da 7ª série, foi um dos escolhidos na escola para fazer o passeio. “As pessoas têm de ter consciência de preservar a natureza. É diferente de Ribeirão, que já está poluída”, diz o garoto, que quer ser biólogo. A descoberta de espécies de Mata Atlântica, como a quaresmeira, deixaram a sua colega Rosani Ramos Fonseca, 14 anos, deslumbrada com a paisagem da Serra do Mar. “Deu vontade de conhecer mais de perto a natureza da região. É importante preservar tudo isso.”




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