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CRM reprova laudos sem assinatura de médicos peritos do INSS
Natália Lima
Do Diário do Grande ABC
09/04/2007 | 07:00
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O CRM (Conselho Regional de Medicina) reprova a atitude dos peritos médicos do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), que têm emitido laudos sem assinatura para trabalhadores doentes que passam pelo órgão. Muitos deles têm sido liberados para retornar ao trabalho mesmo sem condições de saúde.

O Diário tem noticiado várias denúncias de trabalhadores que possuem atestados médicos de seus convênios, comprovando a necessidade de afastamento, e que mesmo assim são liberados pelo instituto. Segundo o INSS, os laudos dos peritos não possuem assinatura por reivindicação dos próprios médicos, que afirmam temer represálias.

"É inadmissível a falta da assinatura do perito. Na forma legal, a identificação pode ser feita por extenso e legível ou através de um carimbo informando o nome e o CRM do profissional que realizou a perícia. O laudo é um ato médico. Se não receber assinatura e nem o número do CRM, fica absolutamente irregular”, comenta o conselheiro do CRMSP, Antônio Pereira Filho.

"Em relação às falhas nas perícias médicas, caso fique comprovado, o CRM pode abrir uma sindicância para cada caso e pedir esclarecimento para os médicos assistentes (médico do trabalho) e peritos” destaca o conselheiro. Pereira Filho ressalta ainda que o médico do trabalho deve enviar um relatório para a perícia, mas a decisão do afastamento cabe somente ao perito.

"Se a sindicância aberta para investigar o médico constatar que há problemas éticos, inicia-se um processo disciplinar, no qual o médico pode se defender recorrendo a um advogado. Ele será julgado por 11 conselheiros, no mínimo. Se considerado culpado pode sofrer as seguintes penalidades: advertência confidencial, censura confidencial (essas duas não são publicadas e constarão somente no prontuário do médico), censura pública, suspensão pública do exercício profissional por um mês e até a pública cassação do exercício médico”, destaca Pereira.

De acordo com o conselheiro do CRM, para se tornar perito o interessado precisa ser médico e ter apenas uma formação clínica geral. “No Brasil, o médico é responsável no ponto de vista civil, ético e criminal pelos seus atos, mas no código de ética o profissional pode atuar em outras áreas. O INSS oferece um curso para que ele tome a ciência das normas e legislações internas do Instituto”, destaca o conselheiro.

Segundo Pereira, quem tiver seu laudo fora dos padrões estabelecidos pelo CRM, pode fazer uma denúncia junto ao Conselho. “O próprio periciado pode procurar o CRM em uma de suas 33 delegacias espalhadas por todo o Estado, ou acessar o site do CRMSP, no qual constam endereços de agências. Mas, o direito da denúncia não se limita apenas aos periciados e sim a qualquer cidadão”, diz Pereira

Afastado - O consultor de pneus da Bridgestone Firestone, Anderson Vicente da Costa, que acompanhou as manifestações contra o INSS na última quarta-feira, dia 4, com nariz de palhaço, está há quatro meses afastado do trabalho. Sem receber salário, afirma que vive uma situação difícil. “A empresa não me aceita de volta, o INSS nem me examina e me manda voltar para a empresa, eu estou com relatório médico de incapacidade, tenho tendinite e bursite nos dois braços. Já tentei conversar com uma perita e fui retirado da sala, eu só quero o que é meu de direito porque paguei tanto tempo e quando preciso da previdência, tenho que ficar sofrendo", diz Costa.

Serviço: Site CRM - www.cremesp.org.br .



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