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Aids ofusca economia em conferência na Africa Meridional
Por Do Diário do Grande ABC
13/08/2000 | 16:19
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A verdadeira hecatombe causada pela Aids na Africa é de tamanha gravidade que o vírus será pela primeira vez o tema predominante da agenda da conferência Diálogo Internacional na Africa Meridional (SAID, sigla em inglês), que até agora havia privilegiado apenas os assuntos econômicos.

A cúpula da SAID reúne os dirigentes dos países da regiao da Africa meridional e outros países, para discussoes que até o momento se centravam essencialmente no comércio e no crescimento econômico.

Mas neste ano a doença, e em particular seus efeitos sobre as crianças, figuram em primeiro lugar na agenda da reuniao de Maputo, entre os dias 20 e 23 de agosto, declarou Eneas Comiche, co-presidente da conferência.

Os participantes discutirao também sobre os efeitos de outras doenças, como o impaludismo, disse Comiche.

A Aids já é a uma hecatombe na Africa Meridional, onde a taxa de infecçao do vírus é a mais elevada do mundo. A epidemia paralisa as empresas e os serviços públicos, empobrece o campo e arruina a educaçao.

Nas reunioes sobre a epidemia, fala-se constantemente de ``associaçoes inteligentes', que Comiche descreve como ``colaboraçoes' entre um governo, os sindicatos, a indústria e os países vizinhos.

Os membros da Comunidade da Africa Meridional para o Desenvolvimento (SADC), que reúne 14 países, já lançaram um apelo aos laboratórios farmacêuticos para que lhes forneçam medicamentos menos caros e economicamente acessíveis para lutar contra a epidemia. O custo dos coquetéis utilizados nos países desenvolvidos para reduzir a Aids à categoria de enfermidade crônica controlável é muito caro para a Africa.

As empresas farmacêuticas negociam atualmente com a agência das Naçoes Unidas sobre a Aids, a ONUSIDA, uma forma de reduzir os preços para os países em vias de desenvolvimento, e inclusive oferecer alguns medicamentos gratuitamente, mas a Africa do Sul, entre outros países, nao quer aceitar os medicamentos gratuitos sem ter antes a infra-estrutura sanitária necessária para curar os doentes.

Em toda a regiao da Africa localizada abaixo do deserto de Saara, estao contabilizados cerca de 24,5 milhoes de casos de Aids (70% do total mundial de 34,3 milhoes), e o vírus deixou 12 milhoes de crianças órfas, 95% do total mundial, segundo a ONUSIDA.

As autoridades sanitárias de Moçambique calculam que a cada dia 700 pessoas sao infectadas pelo vírus. Só neste país, 250 mil crianças ficaram órfas por causa da Aids, e a Unicef teme que essa cifra chegue a um milhao dentro de cinco ou seis anos.




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