Economia Titulo Nova greve?
Protestos não têm impacto na região

Caminhoneiros realizaram bloqueios por conta de decisão de ministro que suspendeu multas

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
11/12/2018 | 07:21
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André Henriques/DGABC


Caminhoneiros realizaram protestos ontem contra a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, que suspendeu a aplicação de multas para descumprimento da tabela de frete. O Grande ABC, no entanto, não sentiu os impactos da ação. O embargo foi determinado até que a Corte decida se a fixação de preços para o transporte rodoviário – que, de acordo com o documento, depende da carga e dos quilômetros rodados para a entrega – é constitucional. A tabela fez parte de acordo entre caminhoneiros e o presidente Michel Temer (MDB) para acabar com a paralisação nacional da categoria, iniciada em maio, e que durou dez dias.

Foram identificados dois pontos principais de paralisação ontem: nas imediações do Porto de Santos, na Baixada, e na via Dutra, no Rio de Janeiro. No segundo, duas pessoas foram presas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), acusadas de agredir motoristas de veículos de carga que se recusaram a parar no ponto de bloqueio. O movimento acabou impactando a entrega de hortifrúti na Ceasa (Central de Abastecimento) do Rio.

Protestos na proximidade da área portuária de Santos atrapalharam entregas na região, mas nenhum grande transtorno foi detectado, de acordo com o Setrans (Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Grande ABC).

“A paralisação foi das 6h às 8h e causou atraso no carregamento de contêineres, mas como logo cedo teve a abertura das vias, foi rapidamente resolvido. Nós sempre tememos nova paralisação, mas acredito que, nesta, a organização está um pouco complicada. A gente espera que isso não ocorra, até porque a tabela está sendo aplicada, a legislação continua vigente e a penalização para quem não paga também. A suspensão é temporária”, afirmou o diretor do Setrans Fábio Brigidio.

Na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), o abastecimento não foi prejudicado, segundo a Aeceasa (Associação das Empresas da Ceasa do Grande ABC). “São pontos isolados, mas em nenhum há algum sindicato representando. Acreditamos que neste ano não vai ter paralisação, até porque estamos em fim de governo. Esses movimentos são de baderneiros ou pessoas que se aproveitam da situação, apesar de a categoria toda ter um descontentamento com a decisão”, disse caminhoneiro que participou da paralisação da categoria em maio e pediu para não ser identificado.

A CNT (Confederação Nacional do Transporte) informou, por meio do seu presidente, Clésio Andrade, que é contra greve de caminhoneiros e reafirmou seu posicionamento a favor do livre mercado. “A CNT nada tem a ver com o Comando Nacional do Transporte, que vem utilizando a mesma sigla”, disse, em nota.

As equipes de Temer e do futuro governo, de Jair Bolsonaro (PSL), buscam saída para o impasse. Lideranças do movimento estiveram em Brasília, em contato com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) no domingo. Está prevista hoje reunião na AGU (Advocacia-Geral da União) para debater o tema. Há duas possíveis soluções sobre a mesa, mas nenhuma no curto prazo. A primeira é derrubar a liminar de Fux. A segunda é implantar o DTE (Documento de Transporte Eletrônico) com um sistema em que não seria necessária fiscalização.  




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