O salário inicial é R$ 890, mas chega a R$ 1,5 mil. Contratados para cuidar apenas do preso, das revistas nas celas – feitas para acomodar seis pessoas, mas que aglomeram pelo menos 20 – e do jumbo (alimentos levados por familiares), atualmente, pelo quadro escasso de policiais, os carcereiros das cadeias da região acumulam outras funções, como levar detentos ao Fórum para depoimentos e julgamentos, fazer escolta, administrar fichas de entrada e saída dos detentos e confecção de carteirinhas para os visitantes. São ainda alvo e, algumas vezes, reféns em rebeliões.
Porém, é na hora da revista pessoal (leia reportagem nesta página) e na censura das cartas que os carcereiros têm de demonstrar sangue frio. "Não é fácil ler uma carta na qual a mulher do preso escreve que aquele pedaço de papel ficou por horas na calcinha para que o companheiro sinta seu cheiro. Tem de ter estômago para essas situações", disse a agente penitenciária do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André Fernanda. O lado engraçado da censura é quando os detentos escrevem a mesma carta para duas ou mais mulheres. "Até parece que eles tiram xerox. As palavras são as mesmas e quem não sabe que aquilo é escrito por um preso se apaixona." Os fatos comprovam: o Maníaco do Parque, Francisco de Assis Pereira, depois de preso, recebia várias cartas e se casou com uma das fãs.
Família – Nem todos os carcereiros conseguem fechar a porta da cadeia depois do expediente. Para Paulo, um dos encarregados da Cadeia Pública de Santo André, a profissão pesou na separação. "Fiquei casado sete anos e há um estou separado. Meus pais também se preocupam com a insalubridade da minha função", afirmou.
Sentimento oposto é o experimentado por uma das carcereiras de São Caetano, Júlia. "Desde os 4 anos queria ser policial." Hoje, aos 45, ela que entrou para a polícia há dez, não gosta de trabalhar com mulheres e afirma que lida melhor com homicidas. "Muitos dizem que quem trabalha na cadeia é frio, mas eu fiquei mais sentimental."
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